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MIS Santa Tereza recebe mostra gratuita sobre o heavy metal em Minas Gerais

Com filmes e debates, evento vai celebrar os 35 anos da cena no estado. Festival no sábado vai reunir bandas históricas

Pedro Galvão

Filme Ruído das minas é uma das atrações - Foto: Fotos: Ruídos das Minas/Divulgação

Na década de 1980, o som intenso das guitarras distorcidas e vocais guturais de Sepultura, Sarcófago, Witchhammer e Overdose e outros grupos estremeceu para sempre as estruturas da música em Minas Gerais. O movimento que nasceu na porta da Cogumelo Records, na Avenida Augusto de Lima, projetando bandas para os palcos do exterior, se tornou tão importante para a cultura do estado que é representado também em outros campos da arte. Com objetivo de celebrar esses quase 40 anos do heavy metal mineiro, o MIS Santa Tereza recebe, a partir de hoje, a mostra Metal em Minas, com quatro filmes que retratam a história da cena por aqui.

 

A ideia surgiu da junção de duas iniciativas. Integrante da banda Witchhammer, Casito Luz estava produzindo o festival musical Monsters of Metal MG, que reuniria ícones da vanguarda do metal mineiro. Já a pesquisadora Patrícia Rodarte, mestre e doutoranda pela UEMG, estudiosa das linguagens e estéticas do heavy metal, organizava uma mostra cinematográfica sobre o tema. As duas propostas se cruzaram e o resultado é uma semana dedicada a celebrar as origens do metal em Minas Gerais, com filmes, debates e, naturalmente, muito barulho.

“A ideia é não só celebrar nossa vivência e sobrevivência, mas trazer para a geração mais nova, que não teve oportunidade de presenciar aqueles shows, um pouco da história do chão que eles pisam hoje, porque muita gente nem sabe que houve isso tudo aqui. Queremos mostrar que não é só aquele metal MTV que existe, aqui também tem uma cena importante e, além disso, proporcionar um debate que sempre temos nos shows, nos bares, mas em um nível mais acadêmico e organizado”, explica Casito, sobre a proposta multicultural do evento.

A programação será aberta hoje com  a exibição do documentário Ruído das Minas, de Filipe Sartoreto, Gracielle Fonseca e Rafael Sette Câmara. Lançado em 2009, o filme conta a origem do estilo no estado, quando os jovens headbangers se reuniam na porta da Cogumelo Records, no Centro de BH, num processo de efervescência cultural que projetou bandas como Holocausto, Chakal, Mutilator, Sextrash, Kamikaze, além do Sepultura.

Para fazer a ponte entre o passado e o presente, após a sessão terá início um debate sobre a cena atual do metal em Minas, com a presença de pesquisadores do tema e pessoas envolvidas com a produção musical na área. Confira o trailer:

 


Amanhã é a vez do documentário inédito Uganga – Manifesto cerrado, de Eddie Shumway e Manu Henriques. Formada em Uberlândia, a banda Uganga está na ativa há pelo menos 20 anos, com turnês pelo Brasil e pela Europa. O filme foi montado a partir das imagens gravadas “na estrada”, para contar a história do grupo. “O objetivo é mostrar que o metal em Minas não é feito só na capital. No interior, onde o sertanejo é dominante, o metal também resiste”, explica Patrícia Rodarte, curadora da mostra.

Na sexta-feira, para encerrar a programação cinematográfica, serão dois filmes. No primeiro deles, a questão de gênero é contextualizada no universo do heavy metal com o documentário Mulheres no metal, de Gracielle Fonseca, sobre a experiência das integrantes de algumas das bandas pioneiras do estilo no país, como Placenta, Valhalla e Flammea. “Esse filme mostra o protagonismo dessas mulheres e os preconceitos sofridos por elas dentro do meio”, explica Rodarte.

Na sequência, o destaque vai para aquele que pode ser considerado o templo profano do metal em Minas, a Cogumelo Records. O curta Cogumelo 35 anos, de Clinger Carlos, é um documentário não oficial sobre a gravadora, loja e produtora musical no Centro de BH, fundamental na consolidação de Belo Horizonte como um polo mundial do heavy metal. Depois do filme terá lugar o debate “Religião, política e atitude no metal”, mediado pelo professor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) Paulo Henrique Caetano, com a presença de outros especialistas no tema.

Se toda a história mostrada na telona durante os três dias de mostra despertar uma incontrolável vontade de bater cabeça nos fãs, ou mesmo a curiosidade por ver em ação algumas das bandas cuja trajetória será contada nos filmes, o sábado reserva uma boa oportunidade. O festival Monsters of Metal MG vai reunir seis bandas pioneiras do metal mineiro no Stonehenge Rock Bar: Sepulchral Voice, Kamikaze, Sagrado Inferno, Holocausto, Sextrash e Witchhammer.

 


Confira a programação

Hoje, às 19h30
>> Ruído das Minas, de Filipe Sartoreto, Gracielle Fonseca e Rafael Sette Câmara
>> Após a exibição, debate com o tema Memória, permanência e inovação–A cena metal 35 anos depois

Amanhã, às 19h30
>> Uganga – Manifesto cerrado, de Eddie Shumway e Manu “Joker” Henriques

Sexta-feira, às 19h30
>> Mulheres no metal, de Gracielle Fonseca, e Cogumelo 35 anos, de Clinger Carlos
>> Após a exibição, debate com o tema Religião, política e atitude no metal

MOSTRA METAL EM MINAS
De hoje a sexta-feira, no MIS
Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza). Entrada franca

MONSTERS OF METAL MG
Shows: Sepulchral Voice, Kamikaze, Sagrado Inferno, Holocausto, Sextrash e Witchhammer. Sábado,
às 20h, no Stonehenge Rock Bar
(Rua dos Tupis, 1.448, Barro Preto).

Ingressos: R$ 17, à venda no www.symplia.com.br.
Informações: (31) 3271-3476

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