Bullying é tema de O novato, em cartaz no Belas Artes

Longa é baseado na experiência particular do diretor francês Rudi Rosenberg


 SOFT TREAD ENTERPRISES/DIVULGAÇÃO
(foto: SOFT TREAD ENTERPRISES/DIVULGAÇÃO)
O novato – em cartaz com uma única sessão diária em Belo Horizonte (Belas Artes 2, 19h30) – nasceu de um longo processo de reflexão. “Pode parecer presunção dizer isso. Afinal, uma comédia sobre pré-adolescentes... Mas, na verdade, há muito tempo eu queria abordar o tema dos complexos, que todo mundo tem e sente. Mas, justamente por ser uma coisa dolorosa, queria fazer um filme leve, divertido. Terminei me voltando para minha experiência pessoal”, diz o diretor francês Rudi Rosenberg.

Ele conta que, quando sua família se mudou do interior para Paris, ele custou a ser aceito na escola. “Eu era o paria. Sofri bullying, mas consegui sobreviver. Por que não contar essa história em filme?” A trama de O novato conta justamente isso – o garoto que se sente um estranho no ninho e termina se ligando aos rejeitados da escola. “Essa é a história e, para torná-la engraçada, recrio todas aquelas besteiras que fazia com meus amigos. Quando jovem, a gente não tem noção. Só que o riso não deve ser inconsequente. Para mim, O novato é sobre como a gente precisa se liberar do olhar do outro. Benoit, o protagonista, descobre seu jeito de brilhar. E o filme mostra como é importante socializar sem discriminação.”

RESPONSABILIDADE O longa nasceu do desenvolvimento de um curta, mas Rosenberg diz que era importante não “esticar”. “No começo, quando me lancei ao projeto, queria um grupinho de rejeitados da sociedade, mas depois pensei que talvez fosse interessante incluir entre eles alguém que tivesse algum problema físico. Foi assim que surgiu Aglaé. A partir daí, dei-me conta da responsabilidade social. Era importante que o público risse com esses meninos e meninas, não deles. Acho que atingi o objetivo, porque O novato foi premiado no Festival de San Sebastián e, para um pequeno filme, fez ótima bilheteria na França.”

Rosenberg reconhece que a interação do elenco foi decisiva. “Fiz um casting longo, testando os atores individualmente e vendo se funcionavam como grupo.” Réphaël Ghrenassia, o Benoit, é muito bom e Max Boublil, que faz o tio Greg, foi o amigo de infância e juventude com quem Rosenberg fez as tais “besteiras”, incluindo a falsa bebedeira de O novato. De definitivo, ele diz: “Agrada-me que no filme Benoit se libere. Conheço gente de mais de 30 anos que ainda não fez isso.” (Estadão Conteúdo)

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