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Frentista herda fortuna no longa nacional 'Tô Ryca'

Na trama estrelada pela comediante Samantha Schmütz, a nova-rica tem que gastar todo o dinheiro em 30 dias; filme tem participação da atriz Marilia Pêra, morta em 2015, num de seus últimos trabalhos

Helvécio Carlos

Cena do longa 'Tô Ryca' - Foto: Fotos: Páprica/divulgação

 

Acostumada a fazer personagens divertidas na televisão, a atriz Samantha Schmütz não escondia a ansiedade às vésperas de estrear como estrela do longa Tô ryca, do diretor Pedro Antônio, que estreia nesta quinta (22) em Belo Horizonte. “O filme é um marco de consagração, de merecimento na minha carreira. Existe a pressão de ser a protagonista, mas estou tranquila, segura, preparada para o momento”, garantiu.

 

Conhecida como comediante em papéis como Jéssica, em Vai que cola (Multishow), e Juninho Play, em Zorra total (TV Globo), Samantha garante: Tô ryca é um passo importante para consolidar sua carreira como atriz.

Na comédia, Samantha interpreta Selminha, frentista que tem a chance de mudar de vida quando descobre ser dona de R$ 30 milhões. Herdar toda essa fortuna não será tão fácil quanto parece. O tio moribundo impõe uma regra: ela precisa gastar todo o dinheiro em 30 dias, sem acumular R$ 1 e muito menos revelar a boa-nova. Selminha topa o desafio. Para isso, tem de enfrentar vários percalços – situações de humor e drama.

“O cinema mostra mais o meu lado atriz do que comediante. As mudanças da Selminha exigem construções.

São várias personagens em uma só”, observa Samantha. A frentista e a artista têm um ponto em comum: a indignação com os políticos. “Egoístas, eles querem roubar tudo. Aqui no Brasil, fazem uma verdadeira ‘depilação’ no povo. É muito triste a vida de quem depende do transporte público. O descaso com os professores é uma vergonha”, enumera.

Filha de professores, Samantha Schmütz defende que cada cidadão faça a sua parte para “contaminar o país” de forma positiva, “pois eles (os políticos) não estão fazendo nada”. A atriz revela que pretende destinar parte dos lucros com a venda dos produtos licenciados da linha Juninho Play “para instituições que dão esperança, oferecendo ferramentas para que as pessoas possam sair de situações difíceis”.

VESTIBULAR A carreira de Samantha, de 37 anos, nascida em Niterói, começou no fim da década de 1990. Naquela época, ela já acreditava em seu destino na ribalta. “Lembro-me de que ensaiava autógrafos para meus amigos”, recorda, bem-humorada.

O teatro não veio “de primeira” . Em busca de uma carreira estável, encarou o vestibular para o curso de comunicação social. “Passei, claro, todos passam”, diz, mas, na hora de se matricular, pensou duas vezes e chegou à conclusão de que aquele não seria um caminho feliz. No dia seguinte, ela e o pai já procuravam uma escola de teatro.

Samantha tem tanta saudade de sua primeira peça – A casa de Bernarda Alba –, apresentada em 1999, que pensa em remontá-la. “Foi montagem amadora, mas feita com muito profissionalismo.
Essa minha primeira peça era dirigida por David Herman, professor na CAL (Casa de Artes Laranjeiras). Ele me fez entender o que é interpretar”, relembra.

Entre seus próximos projetos está a segunda temporada a websérie Juninho Play e família. O personagem deve ganhar um programa para ele na TV. Na linha de shows, a atriz está montando o show Samantha canta, baseado na atração exibida às quartas-feiras no canal pago Bis. Em outubro, ela volta ao ar como Jéssica em nova temporada de Vai que cola.


Preconceito à vista  Em Tô ryca, Pedro Antônio estreia como diretor de cinema. Segundo ele, o filme traduz bastante a comédia em que acredita. “Tem boas personagens e boas situações, com sequências cinematográficas interessantes”, enumera. Porém, pondera que o seu longa precisa vencer preconceitos. “Apesar de as pessoas acharem que a premissa do pobre que fica rico seja copiada, ela existe desde o século passado. Não acho graça em pobre gastando dinheiro.
Acho graça no discurso propositivo e interessante, em situações críveis e divertidas com as quais o público se identifique”, explica.

Filho do cineasta Paulo Thiago e da produtora Gláucia Camargos, Pedro começou a carreira na televisão. Pretendia adquirir lá “horas de voo”, domínio do set e habilidade para conduzir gravações. Por 15 anos trabalhou no canal pago Multishow, onde atualmente dirige o programa Ferdinando show.

Pedro não sabe exatamente o que o levou a Tô ryca. “Por que esse filme marca a minha estreia? Não sei responder. É a vida, o acaso. Samantha é minha amiga, Fiu Braz (roteirista) é meu amigo”, aponta, listando outras coincidências.

Para ele, a produção atual de comédias brasileiras é pouco cinematográfica. “Os filmes são muito televisivos. Você precisa se arriscar, como fiz na sequência do passinho, dança que surgiu na periferia do Rio de Janeiro há 10 anos. A cena poderia ter ficado canhestra, esquisita, mas não. Arrisquei também ao transformar o comício em carnaval baiano”, diz.

O próximo projeto de Pedro é Um dia quase perfeito, com Marcus Majella. O lançamento do filme está previsto para 2017. “Não sou marinheiro de primeira viagem. Tentei me instrumentalizar da melhor forma. Agora que entrei no mercado, não vou sair”, conclui.

Marilia Pêra grava o longa 'Tô Ryca' - Foto: Fotos: Páprica/Divulgação
DESPEDIDA

Em Tô ryca, Marília Pêra fez um de seus últimos trabalhos. A atriz morreu em dezembro de 2015, aos 72 anos, de câncer no pulmão. Em rápida aparição, ela faz o papel de uma dona de loja.

 


O repórter viajou a convite da Downtown Filmes
 

 

 

 


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