'A Lenda de Tarzan', que estreia nesta quinta, traz uma nova maneira de ver o personagem

No novo título da franquia tem início na megalópole de Londres. Personagem é agora interpretado pelo sueco Alexander Skarsgard

por Mariana Peixoto 21/07/2016 10:03
Warner/Divulgação
Ator se preparou para viver o Tarzan com exercícios de ioga, pilates, musculação e dieta de fisiculturista (foto: Warner/Divulgação)

São Paulo – Alexander Skarsgard chegou a Hollywood há 12 anos. Na época, havia poucos atores suecos em atividade naquele mercado: Max von Sydow, Peter Stormare e Stellan Skarsgard, pai de Alexander, entre eles. Hoje, prestes a completar 40 anos, ele fala até em zeitgeist ao comentar a presença sueca nos Estados Unidos: Joel Kinnaman (House of cards, Robocop); Matias Varela (Caçadores de emoção), Bill Skarsgard (um dos seus sete irmãos, no elenco da franquia Divergente) e a vencedora do Oscar Alicia Vikander (A garota dinamarquesa).

Falar em invasão sueca pode ser um tanto exagerado, mas fato é que a presença dos atores nórdicos vem aumentando tanto em quantidade quanto em importância. Que o diga Skarsgard, que estreia agora como protagonista em um blockbuster. Trabalhou bastante seu 1,94 (ioga, pilates, musculação e uma dieta de fisiculturista). Tinha que alcançar o physique du rôle adequado para interpretar a versão 2.0 de um dos mais icônicos personagens do cinema.

Um gigante loiro, um tanto melancólico e deslocado, é o personagem-título de A lenda de Tarzan, de David Yates (diretor dos quatro últimos Harry Potter), que chega hoje aos cinemas. Skarsgard encarnou um papel que pelo menos 20 atores (Johnny Weissmuller é o mais conhecido) já fizeram. Para manter o interesse numa história tão batida, as expectativas foram revertidas.

Esqueça o bordão “me Tarzan, you Jane” e a macaca Chita. A narrativa tem início com o personagem na Inglaterra, em sua vida burguesa com a mulher Jane (Margot Robbie). Ele é John Clayton III, lorde Greystoke, chamado para voltar ao Congo para atuar como uma espécie de adido comercial do Parlamento britânico. É convencido pelo americano George Washington Williams (Samuel L. Jackson). Quando retorna ao lugar onde nasceu e foi criado, Clayton/Tarzan se descobre numa emboscada encabeçada pelo belga Leon Rom (Christoph Waltz).

Entre flashbacks, muita ação (o 3D não se justifica, mas o ingresso salgado do IMAX vale para as cenas nas árvores, com as corridas nos cipós) e interação com animais de efeitos especiais (os gorilas são o ponto alto), A lenda de Tarzan não acrescenta muito à mitologia do personagem. Mas é uma nova maneira de vê-lo, com tudo o que a tecnologia de hoje é capaz de oferecer. Em conversa com a imprensa nesta semana, quando veio ao Brasil lançar o filme, Skarsgard afirmou ter criado um Tarzan mais humano, que está em busca de seu lugar no mundo.

* A repórter viajou a convite da Warner


Três perguntas para...


Alexander Skarsgard
ator

No filme, Tarzan está vivendo em Londres quando tem que voltar ao Congo, onde se reconecta com seu lado selvagem. Como você trabalhou a psicologia do personagem?


Fiquei surpreso quando reverteram a história, começando por Londres. Fiquei interessado em como trabalhar a dicotomia homem/besta. Somos educados, vivemos em grandes cidades, ficamos na fila quando vamos ao correio. Mas, no fundo, também somos animais, temos instintos primais. Como e quando isto se manifestaria é que me interessou, entender como seria a jornada do aristocrata britânico até o homem macaco. Queria que esta descoberta ocorresse aos poucos.

Para criar o personagem, você pegou alguma coisa do Tarzan de Johnny Weissmuller ou Christopher Lambert?


Não. Para mim, Johnny Weissmuller é o Tarzan, e foi assim que meu pai me introduziu a ele quando criança. Fiz questão de ficar longe do material antigo, tanto livros e filmes, pois queria encontrar meu próprio Tarzan. Assisti a documentários sobre vida selvagem, principalmente com gorilas e chimpanzés. Não estava interessado no lado herói do Tarzan, alguém que não tem vulnerabilidades. Queria mostrar a ideia de alguém criado num ambiente hostil que sabia que era um outsider. Ele tentou se encaixar em Londres, mas não conseguiu. Acho que este Tarzan é sobre alguém que tenta encontrar seu lugar no mundo.

Acredita que Tarzan seja sua grande chance em Hollywood?


A maioria dos filmes que fiz foi independente, mas não é que depois de vários independentes eu tenha me graduado para fazer uma espécie de super-herói num blockbuster. O que importa é o roteiro e o diretor. Fiquei tão animado em fazer O diário de uma adolescente (2015, de Marielle Heller), em que toda a equipe cabia nesta sala, quanto fiquei com Tarzan, que foi o maior set em que já estive. Não vejo este filme como minha chance em Hollywood. Tenho sorte em poder ter feito True blood, filmes independentes e me divertir com tudo. Quem sabe voltar para a Suécia e fazer um filme pequeno, depois entrar numa nova aventura como esta. O que deixa este negócio interessante são os contrastes.

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