Entrevista
ANDREW STANTON
Diretor
Foram 13 anos de espera, mas finalmente os fãs vão saber um pouco mais sobre a história da peixinha esquecida que ajudou Marlin a encontrar seu filho em Procurando Nemo. Procurando Dory, que chegou aos cinemas americanos quebrando o recorde de bilheteria da Pixar – e mantendo a liderança mesmo com a estreia de Independence day - O ressurgimento –, chega hoje às telas do Brasil, focando, agora, uma das coadjuvantes mais famosas da história do cinema (dublada no original por Ellen DeGeneres).
No filme, dirigido por Andrew Stanton, o mesmo de Nemo, Dory tem flashes do seu passado e resolve ir atrás de suas origens, mesmo sem ter memória de curto prazo. Na sua jornada, vai parar num centro de pesquisas, onde recebe a ajuda do polvo Hank. Nessa entrevista, o diretor comenta como decidiu resgatar a personagem.
Ellen DeGeneres fez campanha pela continuação durante anos. Ela teve alguma influência?
Não teve nenhuma influência. Sempre entendi seus apelos no programa como humor. Ellen poderia ter me contatado de forma privada, se realmente quisesse tanto essa continuação. Quando finalmente tive a ideia, foi divertido.
Sentia-se em débito com a Dory?
Todo mundo ama a Dory. Mas sempre pensei nela como uma personagem triste, que vagava pelo oceano sozinha fazia tempo, sem se lembrar por quê. Conheceu muitos peixes, mas, ou eles a abandonaram, ou ela se esqueceu deles e foi para outro lado. Então, tinha esse sentimento de abandono. Por isso, ela é tão engraçada e generosa, é como uma armadura. Assisti novamente a Procurando Nemo, alguns anos depois da estreia, e percebi que não queria mais que ela se sentisse daquela maneira. Foi isso que me fez querer voltar. Então, sim, eu queria fazer justiça.
O filme não tem um vilão. Por quê?
Não, porque é uma batalha interna.
A Pixar sempre foi conhecida como o estúdio das histórias originais. Quando vocês começaram a fazer continuações, receberam críticas. Como lida com isso?
Nunca tivemos um período de tranquilidade em que as pessoas não estivessem falando: “Ah, eles não vão conseguir fazer de novo” ou “eles finalmente perderam a mão”. Aprendemos muito tempo atrás a simplesmente não ouvir essas críticas. Se escutássemos, faríamos filmes piores. Depois de 27 anos na Pixar, estou bem escolado em ignorar os valentões.
É mais fácil fazer uma sequência?
A parte tranquila é criar novos personagens e locações.
Há tanta competição hoje na animação, inclusive do estúdio Disney, que, sob o comando de John Lasseter, voltou a ser grande. Sente que eles são um pouco fogo amigo, às vezes?
Sempre há espaço para grandes filmes. Só seria complicado se estreassem na mesma semana. Se há vários bons filmes, você quer ver todos eles. Se ajudamos a elevar o padrão de animação, agora eles estão fazendo o mesmo por nós, e todos saímos ganhando. (Mariane Morisawa/Estadão Conteúdo).