'O dono do jogo com' Tobey Maguire traz universo do xadrez para a telona

Diretor Edward Zwick explora a linha tênue que separa a genialidade da loucura para compor um sombrio retrato do ex-campeão de xadrez Bobby Fischer

por Carolina Braga 28/04/2016 09:45

Quem liga a imagem do ator Tobey Maguire ao Homem-Aranha pode se surpreender com a atuação dele em O dono do jogo. Personagens atormentados são sempre prato cheio para intérpretes que têm mais a oferecer.


É o caso de Bobby Fischer. O filme de 2014, dirigido por Edward Zwick (O amor e outras drogas, Um ato de liberdade), conta a história do exímio jogador de xadrez, ex-campeão mundial.

Dentro do roteiro tradicional de Steven Knight, é inevitável não se centrar na recriação que Maguire oferece a Fisher. A trama começa na infância do jogador.

Playarte/Divulgação
Tobey Maguire faz boa interpretação do jogador, expondo sua mente atormentada (foto: Playarte/Divulgação)

Desde muito novo, demonstrava problemas de relacionamento com a família, uma hipersensibilidade e talento fora do comum diante de um tabuleiro. Gênio indomável que abdicou da vida social e afetiva em favor do jogo.

Não era nem um pouco uma figura fácil. Ao longo das quase duas horas de projeção, o diretor não alivia em nada. Não força qualquer cumplicidade entre o espectador e o personagem.


Bobby é louco e assim é apresentado. Sem romantismo, drama ou qualquer vitimismo. Há, porém, reflexão sobre a sempre tênue linha que separa a inteligência e o desequilíbrio mental.

O dono do jogo se passa entre as décadas de 1950, quando começou a carreira, e 1962, o auge da rivalidade com os russos, em especial Boris Spassky (Liev Schreiber, que fez o papel do editor em Spotlight).


O contexto da Guerra Fria é apresentado como pano de fundo. Em um tempo de tensões afloradas no campo político, o medo contaminava os cidadãos. Bobby Fisher não escapou.

A expressão de Tobey Maguire carrega o peso que o jogador de xadrez suportava ao longo da vida. A fotografia de O dono do jogo é muito escura, um modo de dizer também o quão sombrio era o interior daquele homem.


Nos momentos de tormento do personagem, o diretor Seteven Knight investe em closes. Quanto mais próxima a câmera, mais perto o espectador fica do que pode haver de sensibilidade naquele sujeito insensível.

É a paranoia cotidiana que interessa a Steven Knight. Para quem conhece as regras básicas do xadrez, O dono do jogo oferece camadas extras de entendimento. Aos que não têm familiaridade com o jogo, resta o suspense e a curiosidade em torno da figura tão controversa de Fischer.

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