Quem liga a imagem do ator Tobey Maguire ao Homem-Aranha pode se surpreender com a atuação dele em O dono do jogo. Personagens atormentados são sempre prato cheio para intérpretes que têm mais a oferecer.
É o caso de Bobby Fischer. O filme de 2014, dirigido por Edward Zwick (O amor e outras drogas, Um ato de liberdade), conta a história do exímio jogador de xadrez, ex-campeão mundial.
Dentro do roteiro tradicional de Steven Knight, é inevitável não se centrar na recriação que Maguire oferece a Fisher. A trama começa na infância do jogador.
Desde muito novo, demonstrava problemas de relacionamento com a família, uma hipersensibilidade e talento fora do comum diante de um tabuleiro. Gênio indomável que abdicou da vida social e afetiva em favor do jogo.
Não era nem um pouco uma figura fácil. Ao longo das quase duas horas de projeção, o diretor não alivia em nada. Não força qualquer cumplicidade entre o espectador e o personagem.
Bobby é louco e assim é apresentado. Sem romantismo, drama ou qualquer vitimismo. Há, porém, reflexão sobre a sempre tênue linha que separa a inteligência e o desequilíbrio mental.
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O contexto da Guerra Fria é apresentado como pano de fundo. Em um tempo de tensões afloradas no campo político, o medo contaminava os cidadãos. Bobby Fisher não escapou.
A expressão de Tobey Maguire carrega o peso que o jogador de xadrez suportava ao longo da vida. A fotografia de O dono do jogo é muito escura, um modo de dizer também o quão sombrio era o interior daquele homem.
Nos momentos de tormento do personagem, o diretor Seteven Knight investe em closes. Quanto mais próxima a câmera, mais perto o espectador fica do que pode haver de sensibilidade naquele sujeito insensível.
É a paranoia cotidiana que interessa a Steven Knight. Para quem conhece as regras básicas do xadrez, O dono do jogo oferece camadas extras de entendimento. Aos que não têm familiaridade com o jogo, resta o suspense e a curiosidade em torno da figura tão controversa de Fischer.
COTAÇÃO
BOM