Mulher de fases

Philips/divulgação
(foto: Philips/divulgação)

 

Em 1967, quando chegou à cena musical brasileira pelas mãos de Caetano Veloso, que dividiu com ela seu primeiro álbum, Gal Costa já era experiente no palco. Três anos antes, havia estreado em Salvador num show com Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé e o próprio Caetano. Desde o primeiro disco solo, em 1969, a baiana sempre foi presenteada por autores de todas as gerações. Ao vivo, transformou registros especiais em capítulos da história da música brasileira.

ANOS 1960
BABY
Em 1968, Gal se juntou a Jorge Benjor e Os Mutantes no programa Divino, maravilhoso, apresentado por Gilberto Gil e Caetano Veloso na TV Tupi. A atração levava o nome da canção que ela defendeu no Festival da Música Popular Brasileira, naquele mesmo ano. Recém-chegada ao mercado no fim da década, a musa da Tropicália teve tempo de lançar dois álbuns e concretizar o espetáculo psicodélico Gal! (1969).


ANOS 1970
FATAL
Gal Costa entrou nos anos 1970 com o show Fa-tal, atração fixa de um teatro em Copacabana, no Rio de Janeiro. Dirigido por Waly Salomão, o espetáculo se transformou no disco A todo vapor, seu registro ao vivo mais significativo. A gravação de Vapor barato é até hoje uma das principais portas de entrada na obra da artista baiana.


ANOS 1980
PROFANA
O amadurecimento da artista se refletiu em um som mais pop e menos desafiador. São dos anos 1980 os hits dela mais executados em rádios e trilhas de novela, como Meu bem meu mal, Canta Brasil, Sorte e Brasil. Nos palcos, entretanto, Gal não se acomodou ao gosto radiofônico: montou espetáculos de forte personalidade, como o regionalista Festa do interior (1981) e Profana (1984), esse marcado pelo tom socialmente engajado da canção Vaca profana, de Caetano.


ANOS 1990
FELINA
Aos 48 anos, Gal Costa entrava em cena com gestos felinos no show O sorriso do gato de Alice (1994), álbum formado por faixas assinadas por Gil, Caetano, Jorge Benjor e Djavan. Com vocais no ponto exato entre talento e técnica, a cantora exibia o melhor preparo físico em toda a carreira. A turnê impactou o país por seu momento topless – depois de cantar Brasil, Gal exibia os seios e seguia com eles à mostra por boa parte do repertório. Foi a sua última empreitada com veia autoral naquela década, que seria marcada por concertos em homenagem a grandes nomes da MPB e repertório limitado por regravações.



ANOS 2000
RETRAÍDA
No início do século 21, Gal se voltou para o cancioneiro tradicional, revisitando Dorival Caymmi e Haroldo Barbosa, entre outros, além de autores contemporâneos como Arnaldo Antunes e Carlos Rennó. Chegou a flertar com sonoridades mais atuais em Hoje (2005), gravando faixas de compositores pouco conhecidos e um dueto com o congolês Lokua Kanza. Virou mãe ao adotar Gabriel, de 2 anos. Afastou-se dos palcos depois da turnê desse álbum e só voltou na década seguinte.



ANOS 2010
REINVENTADA
Em sua volta aos estúdios e palcos, Gal não poderia ser mais imprevisível. Presenteada com um álbum concebido por Caetano Veloso, a baiana descortinou novas possibilidades de sua voz em Recanto, disco sombrio e experimental. A turnê ressuscitou a intérprete de grandes momentos, com releituras eletrônicas para clássicos da carreira. Foi um projeto de estranhamento para antigos fãs e um convite para jovens ouvintes, o que se reforçou em Estratosférica, sequência mais popular do CD anterior.

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