É uma mulher bonita, sensual, corajosa e distante de qualquer mimimi do suposto sexo frágil para desempenhar seu papel. Curioso que o filme propõe até uma inversão desse lugar histórico ocupado pelo sexo feminino (melhor não avançar para evitar spoilers). De todo modo, é a força dela que sustenta com competência este Jogos Vorazes: A esperança – O final.
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Quem não viu, ou esqueceu, os outros filmes desta franquia nem adianta perder o tempo. O quarto longa da série – os três últimos foram dirigidos por Francis Lawrence – começa exatamente onde parou a Parte 1, sem chance para quem não faz a menor ideia do que se trata. Katniss se recupera do último confronto e está decidida a acabar com as próprias mãos com o presidente Snow (Donald Sutherland).
Jogos Vorazes é um filme que mistura ação e suspense em uma trama que carrega em suas entrelinhas discussões sobre ligações familiares, poder, disputa política, mídia e principalmente o aprisionamento virtual que a sociedade contemporânea vive. Assim como na primeira parte, os 30 minutos iniciais deste final destoam de outros exemplares do mesmo gênero por concentrar sua narrativa na palavra e não exatamente em lutas e afins. É o momento de ver Katniss racional e calculista.
O mérito do roteiro de Peter Craig e Danny Strong é alternância que ele propõe no ritmo da história. Entre um embate e outro, pouco a pouco revela ao público que a luta de Katniss e seus amigos tem mais interesses envolvidos do que ela poderia supor. Como em todo jogo político, tem articulação, traição e mentira. São estes elementos, por exemplo, que fazem com que o papel aliado da presidente do Distrito 13, Alma Coin (Julianne Moore) seja questionado.
Entre as interpretações coadjuvantes, difícil dizer quem se destaca mais entre os veteranos. Donald Sutherland esbanja uma maldade irônica como Dr. Snow. Julianne Moore, por sua vez, ostenta um cinismo dúbio no olhar desde a primeira cena de Alma. Também é bem resolvida a saudosa – e derradeira – participação de Philip Seymour Hoffman, como Plutarch Heavensbee.
No elenco jovem, Liam Hemsworth (Gale) e Josh Hutcherson (Peeta) são corretos e até um tanto frio demais no papel dos homens que disputam o coração da heroína. Compreensível: embora parte da trama, o romance nunca foi o mais importante ao longo de todos os filmes da série. Ceder ao romantismo água com açúcar é a escorregada neste desfecho.
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