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Com atuação marcante em 'Aliança do crime', Johnny Depp é um dos nomes para Oscar de 2016

Prótese cutânea, peruca, moldes faciais de silicone e 22 horas de disposição para ajustes de maquiagens renderam a Depp os ares do verdadeiro Bulger

Ricardo Daehn

Johnny Depp: 22 horas de maquiagem para se transformar em James "Whitey" Bulger - Foto: (Warner/Divulgação)

Com cara de poucos amigos, durante as filmagens de Aliança do crime, dia a dia, Johnny Depp já contou que ele saía, fechadíssimo, do seu trailer. Buscava o “limite máximo de verdade” para dar vida a personagem que não só existiu na vida real, como segue existindo: o gângster, temido por anos em Boston (Estados Unidos), James “Whitey” Bulger. Preso desde 2011, o criminoso, hoje perto dos 90 anos, esteve entre os 12 mais procurados naquele país e, há alguns anos, também já havia sido inspiração para Jack Nicholson, na composição perturbadora vista em Os infiltrados, de Martin Scorsese.

 

Prótese cutânea, peruca, moldes faciais de silicone e 22 horas de disposição para ajustes de maquiagens renderam a Depp os ares do verdadeiro Bulger que, consultado pela produção, não quis saber de proximidade com o projeto de cinema adaptado do livro Whitey: The life of America’s most notorious mob boss, assinado pelos jornalistas Gerard O´Neill e Dick Lehr. Olhos azuis, possibilitados por estranhas lentes de contato, e um cabelo ensebado completam a figura, no cinema, de Bulger, de “ar vampiresco”, como sublinhou o The New York Times.


Entre as futuras indicações ao Oscar, com lista a ser divulgada apenas em janeiro, pelo que muitos suspeitam, Johnny Depp já teria o nome assegurado como melhor ator, por Aliança do crime. “Indicação já seria o suficiente”, desconversou Depp, publicamente. Para a BBC, durante a realização do Festival de Londres, o ator disse que não quer “uma coisa dessas” (leia-se, o Oscar). O motivo da declaração seria a conhecida resistência de o astro se expressar desprovido de personagens diversificados. “Não quero ter que falar”, sentenciou o ator que deu vida ao homem que supostamente carrega nas costas 19 assassinatos.


“Existe um lado de Bulger que não diz respeito ao mundo dos negócios”, destacou Depp que, aos 52 anos, soube relativizar a “pessoa demoníaca” atrelada ao retratado, que já se comportou com faceta de psicopata.

Um dos segredos de Depp, em Aliança do crime, foi convencer o público a se desapegar “logo nos minutos iniciais” da imagem que o envolve, naturalmente. “Mas me desprendi das particularidades do personagem, até por existirem poucas imagens dele”, disse à imprensa internacional que, se não levar o Oscar, tem ao menos um prêmio parrudo para 2016: em Santa Barbara (Califórnia), ele levará o troféu de Modern Master do cinema.

Entrosamento

Diretor do novo filme com Johnny Depp, Scott Cooper já dirigiu performance de Jeff Bridges premiada com o Oscar, em Coração louco (2009). Ele comentou, no Los Angeles Times, que compartilha de sensibilidades de Depp, em termos de filmes, literatura e música. Entrosado com o crime, entre os anos de 1971 e 1994, James “Whitey” Bulger colaborava com agentes do FBI, paralelamente à extorsão, à exploração de jogos de azar e a comércio de drogas. Isso obrigou Scott a salientar o acordo junto aos estúdios de cinema, de que se concentraria em “humanos que eram criminosos” (e não o contrário).


Ainda que aplicasse nuances de lealdade à sua comunidade e à mãe, como uma pessoa familiar e amorosa, o Bulger criado por Depp não reina entre unanimidade. A veia fantasiosa do enredo ligado ao criminoso de origem irlandesa foi relatada por envolvidos indiretos, ao jornal The Guardian. Braço direito do criminoso, Kevin Weeks critica Depp ao ressaltar que o ator estava fazendo um “novo Chapeleiro Maluco”.


Outro que não endossa êxito é o advogado Hank Brennan, que não viu claramente no filme os arranjos obscuros por meio de manipulações do governo federal norte-americano, a princípio bem empenhado na captura, por meio de delações feitas por Bulger, de parte da máfia italiana. Alheio aos desdobramentos, Depp apostou no talento, desprezando até apontamentos do roteiro. “Tudo, na interpretação, deve ser muito mais orgânico do que seguir e ser condicionado pelas anotações”, concluiu.

 

» Indicações de Depp ao Oscar

Piratas do Caribe: A maldição do Pérola Negra (2004)
» Nesta época da indicação ao Oscar, ninguém poderia prever o êxito do personagem Jack Sparrow, que ele personifica na aventura: dos seis títulos que renderam grande bilheteria para o astro, nos Estados Unidos, quatro deles integram a franquia de piratas.

Em busca da Terra do Nunca (2005)
» A vida do dramaturgo e escritor britânico J. M. Barrie, que deu vida no papel aos consagrados tipos de Peter Pan, é encenada com grande sensibilidade por Depp. Na fita, o personagem se encontra com a família que o intrigou ao ponto da criação da obra-prima literária.

Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da Rua Fleet (2008)
» Ator fetiche do diretor Tim Burton, Depp deita e rola, cantando e assustando, na pele do pirado e vingativo barbeiro.

 

Confira outras caracterizações marcantes de Hollywood

- Foto: DivulgaçãoGrace de Mônaco

Nicole Kidman vive uma das mais famosas atrizes da era clássica de Hollywood, Grace Kelly. O longa retrata os primeiros anos do casamento da princesa de Mônaco. Os figurinos precisos, que trazem o glamour da década de 1960, fazem com que o público acredite, brevemente, ver Grace Kelly na tela.

- Foto: DivulgaçãoJoy: O nome do sucesso
Jennifer Lawrence vive Joy Mangano, uma das mais bem-sucedidas empreendedoras dos Estados Unidos. Apesar das críticas quanto à diferença de idade entre intérprete e personagem, Lawrence está cotada para concorrer ao Oscar, em 2016.

- Foto: DivulgaçãoStraight outta Compton —  história do N.W.A

O longa dirigido por F. Gary Gray conta a história do grupo de rap americano Niggaz Wit Attitudes. O’Shea Jackson, Jr. interpreta Ice Cube, Corey Hawkins dá vida a Dr. Dre e Jason Mitchell encarna Eazy-E. A forma como os atores assimilaram os trejeitos e a atitude dos rappers conquistou crítica e audiência, tornando o filme um dos mais bem-sucedidos do gênero.

- Foto: DivulgaçãoSteve Jobs
A performance de Michael Fassbender como o icônico fundador da Apple, Steve Jobs, é uma das mais aguardadas por cinéfilos. Fassbender tem sido amplamente elogiado pela crítica internacional.

Essa não é a primeira vez que o magnata da tecnologia é retratado no cinema; Ashton Kutcher protagonizou Jobs em um fracasso de 2013.

- Foto: DivulgaçãoO regresso
O filme se passa no oeste dos EUA, no século 19. Leonardo DiCaprio dá vida ao caçador Hugh Glass, uma das figuras mais emblemáticas entre os exploradores americanos. Quando Glass é atacado por um urso e abandonado pelos colegas caçadores, precisa lutar pela vida, enquanto planeja vingança contra John Fitzgerald (Tom Hardy).

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