Cinema

'Perdido em Marte' é uma declaração de amor à ciência

Filme estrelado por Matt Damon estreou com liderança na bilheteria dos EUA

Matt Damon se destaca como o astronauta deixado para trás por uma missão espacial em Marte
Esqueçam o espaço hostil de Alien (1979) e a distopia de Blade runner (1982). O futuro que o diretor Ridley Scott nos apresenta em Perdido em Marte é outro: divertido e cheio de esperança.  Após o sucesso de duas missões tripuladas a Marte, a Nasa tem o primeiro revés.


Durante a evacuação do planeta vermelho, em decorrência de uma tempestade, a tripulação da Ares 3 deixa em solo marciano o astronauta Mark Watney (Matt Damon), dado como morto após sofrer um acidente. Com recursos limitados, ele precisa se virar até a chegada de um possível resgate.

Essa simplificação pode enganar quem pensa que tudo não passa de uma mistura de Apollo 13 (1995) com Náufrago (2000). Perdido em Marte não é a história de um sujeito isolado que luta para sobreviver, mas sim uma magnífica declaração de amor à ciência e ao futuro da exploração espacial.

Quando Stanley Kubrick e o escritor Arthur C. Clarke se uniram para produzir 2001 - Uma odisseia no espaço, o programa Apollo estava próximo de seu ápice. A curta janela entre o lançamento do filme, em 1968, e as primeiras pegadas de Neil Armstrong na Lua, em 1969, causou um tipo de ruído.

Por conta dos efeitos especiais criados por Douglas Trumbull, com o suporte de uma concepção realista do futuro, surgiram teorias que afirmam que as imagens dos pousos lunares foram forjadas por Stanley Kubrick a pedido da Nasa.

Esse ceticismo conspiratório é combatido por grandes divulgadores científicos, como o astrofísico Neil deGrasse Tyson. O livro de Andy Weir, no qual Perdido em Marte se baseia, certamente colabora com eles. Todos os problemas que o programa Ares enfrenta são absolutamente reais e suas soluções são cientificamente corretas.

Mas se no livro Weir consegue manter o leitor interessado pela qualidade do texto, no filme é Matt Damon quem faz esse papel. Seu Mark Watney nunca é reduzido à fácil figura do cowboy do espaço, e suas reações diante das dificuldades da missão soam humanas e fiéis às de um astronauta treinado à exaustão.

Infelizmente, ainda estamos longe da primeira missão tripulada a Marte, e é pouco provável que as primeiras imagens do homem por lá sejam atribuídas a Scott, mas a sensação ao fim da sessão é a mesma de 2001 na era das missões Apollo: o ser humano e a ciência são incríveis. (Folhapress)
 
Assista ao trailer de 'Perdido em Marte':