Cinema

Documentário sobre Chico Buarque emociona no Festival do Rio

'Chico - Artista Brasileiro', de Miguel Faria Jr., foi exibido na abertura do festival

Mariana Peixoto

Miguel Faria Jr. (E) e Chico Buarque em cena do documentário sobre o cantor e compositor

Rio de Janeiro
– Como esperado, não houve Chico no cinema. Mas sobrou Chico na tela. Um Chico bem-humorado, sem reservas, aberto a qualquer assunto. Filme de abertura do Festival do Rio, ‘Chico – Artista Brasileiro’, de Miguel Faria Jr., foi exibido nesta noite em sessão no Cine Odeon, Centro do Rio.


Amigo de Faria Jr. há muitos anos, Chico Buarque recebeu o cineasta em sua casa. Em conversas informais – resultado de 20 horas de gravação – fala sobre a memória, a passagem do tempo, o amor, a criação, a família, a ditadura, a vida no exterior. O filme chega ao circuito comercial em 26 de novembro.

O depoimento, em ordem cronológica, é entremeado por imagens de arquivo e interpretações de artistas como Ney Matogrosso, Milton Nascimento, Mart’nália, Carminho, Adriana Calcanhotto, entre vários outros, para suas canções. Faria Jr. gravou apenas duas performances de Chico, justamente as que abrem e fecham o documentário (‘Sinhá’ e ‘Paratodos’, respectivamente).

Nada tímido mas muito reservado, Chico ri e faz rir (a plateia gargalhou mais de uma vez na exibição) ao falar da paixão pelo futebol, da relação com Tom Jobim, da dificuldade de subir ao palco. Assume, mais de uma vez, considerar-se mais escritor do que músico. Porém deixa claro que sua turma é a dos músicos, nunca a dos escritores.

Chico não estava presente, mas Caetano sim. Logo após a exibição, falou rapidamente ao Estado de Minas. “Adorei, estou muito emocionado. Gostei de Chico falando, de todo mundo cantando e mais ainda do Péricles”, disse. O ex-vocalista do Exaltasamba interpretou ‘Estação derradeira’.

‘Chico – Artista Brasileiro’ é o primeiro longa-metragem de Faria Jr. desde ‘Vinicius’ (2005). O filme sobre o poetinha é o documentário brasileiro com maior público (300 mil espectadores) desde a retomada do cinema nacional.

A sessão de abertura contou com a presença de veteranos do cinema como o produtor Luis Carlos Barreto, o documentarista Walter Carvalho e o ator Milton Gonçalves, apresentador da noite. O Festival do Rio continua até o dia 14. Nesta edição, o evento vai exibir 250 filmes de 65 países.

*A repórter viajou a convite da Sony Pictures