Cinema

Bradley Cooper volta ao papel de John Wayne em 'Sob o Mesmo Céu'

Ator revive personagem de clássico faroeste dos anos 1960 em releitura de John Ford

Agência Estado

Em 1963, John Ford, um dos maiores diretores do cinema, estava se despedindo do western, gênero que o consagrou. E entre obras fúnebres como 'O Homem Que Matou O Facínora', o episódio da Guerra Civil em 'A Conquista do Oeste' e 'Crepúsculo de Uma Raça', fez um filme que muitos críticos consideram um corpo estranho em sua carreira - um filme "menor", 'O Aventureiro do Pacífico'. É preciso colocar a definição entre aspas porque todo John Ford está presente nessa comédia de aventuras sobre dois amigos que resolvem suas diferenças no soco e terminam no bar. Numa cena, John Wayne, o protagonista, leva a filha de outro amigo, que veio dos EUA, para conhecer um local sagrado - uma montanha. Reverenciam os mortos, os deuses, há um clima mágico.


Cameron Crowe com certeza viu 'O Aventureiro do Pacífico'. Roqueiro de carteirinha, ex-repórter da Rolling Stone - basta lembrar-se de 'Quase Famosos' -, ele paga tributo ao Homero de Hollywood. O que isso tem a ver com 'Sob o Mesmo Céu/Aloha', que estreou na quinta, 11? Nada, porque o filme não é uma refilmagem. Tudo, porque dependendo da sensibilidade e do grau de informação do cinéfilo, todo Ford, que estava em 'O Aventureiro do Pacífico', está em 'Sob o Mesmo Céu'.

Nem todo mundo concorda, mas 'American Sniper', o melhor filme do Oscar, era a releitura, por Clint Eastwood, do clássico 'Rastros de Ódio', de Ford. A tragédia de um individualista pelo mestre criador das epopeias de grupos. Clint, o grande, viu em Bradley Cooper o John Wayne de sua geração. Cameron Crowe o ratifica. Em 'Sob o Mesmo Céu', Bradley volta para o seu grande amor, mas Rachel McAdams não o esperou. Casou-se com outro. Ele vem numa missão diplomática/econômica - para adquirir direitos sobre as terras dos nativos. Ganha uma auxiliar, Emma Stone.

Ela o acompanha no território sagrado dos havaianos. Garoto, Bradley olhava o céu, em plena conquista do espaço. Agora, o filho menino de Rachel o toma pela encarnação de um deus havaiano que veio fechar um ciclo e promover uma explosão no céu.

'Sob o Mesmo Céu' é um daqueles filmes que parecem pequenos, sem muita ambição, mas é engano. Crowe está falando de homens (e mulheres) e sobre homens e deuses. Eddie Redmayne pode ter ganho todos os prêmios do ano, mas ninguém pode ser o melhor ator (por 'A Teoria de Tudo') e o pior (por 'O Destino de Júpiter') no mesmo ano. Bradley foi excepcional como american sniper e é de novo excepcional como (mais uma vez!) John Wayne. Comédia (romântica?), 'Sob o Mesmo Céu' é muito mais.