A longa jornada de Adaline é sempre permeada pela angústia e isolamento, assim como foram as de outros personagens antes dela - Wolverine ('X-Men'), Dr. Manhattan ('Watchmen'), Connor MacLeod ('Highlander - O guerreiro imortal') e David Dunn ('Corpo fechado'). “É que não há coisa mais trágica do que viver eternamente”, explica o filósofo e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ângelo Monteiro. Segundo ele, apesar de desejada pelos homens e postulada na maioria das religiões, a vida eterna não foi prevista entre os filósofos. Para versar sobre ela, seria preciso negar a ação do tempo, ao qual somente as ideias, segundo Platão, podem resistir. “A imortalidade só pode ser alcançada - e só vale a pena - através das memórias transmitidas como herança cultural”.
Esse não é o caso da protagonista do drama dirigido por Lee Toland Krieger, que explora toda a carga de nostalgia e solidão inerentes à vida eterna. Adaline (Blake Lively) muda de identidade e endereço a cada década para não despertar suspeitas. Imune aos efeitos do tempo após um acidente, permanece com 29 anos do início do século 20 à atualidade. Abre mão de relacionamentos amorosos, priva-se da convivência com a única filha - que, com o passar dos anos, torna-se muito mais velha que ela - e assume empregos discretos para manter em segredo a imortalidade.
Um narrador lança mão de leis da física e da biologia para justificar a condição da personagem, cujo passeio por diferentes épocas torna-se mais verossímil através do figurino assinado por Angus Strathie - famoso pelo trabalho em Moulin Rouge. Apesar do glamour, a fuga eterna do próprio passado esgota Adaline, que sabe, desde o princípio, é melhor não viver para sempre.
Confira o trailer de A incrível história de Adaline: