Cinema

Atores indígenas abandonam gravações do novo filme de Adam Sandler

Artistas apontam tratamento ofensivo da cultura indígena no roteiro do longa. Netflix sai em defesa da produção

Fernanda Machado

Loren Anthony foi um dos atores que abandonaram o set de filmagens após considerar desrespeitoso o texto do filme
Uma equipe de atores e atrizes de origem indígena abandonou as filmagens de 'The ridiculous six', novo filme do americano Adam Sandler em parceria com o serviço de streaming online Netflix.


Os profissionais alegaram que o roteiro do filme é carregado de racismo ee stereotipação dos povos indígenas dos Estados Unidos, além de ser desrespeitoso com as mulheres. 'The ridiculous six' é uma paródia do clássico dos anos 1960 'Sete homens e um destino' ('The magnificent seven'), escrita e protagonizada por Sandler.

"Nós deveríamos ser Apaches, mas o filme é tão estereotipante que nós não ficamos nem um pouco parecidos com Apaches. Ficamos mais parecidos com Comanches", disse Loren Anthony, um dos artistas que abandonaram as gravações, ao site Indian Country Today. A maioria dos atores são da etnia Navajo.

Segundo a publicação, também causou indignação entre os atores o tratamento dado aos responsáveis pelo filme às mulheres indígenas, que usaram de trocadilhos com conotações sexuais nos nomes das personagens e piadas hiperssexualizadas. "Falamos com os produtores do filme que responderam: 'se vocês são tão sensíveis deveriam sair'", disse Allison Young, outro ator.

Ninguém da equipe executiva do filme se pronunciou sobre a saída dos atores da produção, mas a Netflix, parceira de Sandler no projeto, saiu em defesa do filme. Perguntado em uma entrevista para o site Vulture, o porta-voz da companhia declarou: "O filme faz coisas ridículas por uma razão: ele é ridículo! É uma sátira dos filmes ocidentais e os estereótipos que popularizaram".

Dono de sucessos como 'Como se fosse a primeira vez', 'O paizão' e 'Click', Sandler está há um bom tempo sem convencer a crítica especializada. E pior, o ator acumula fracassos seguidos, como o criticado 'Cada um tem a gêmea que merece', vencedor de todas as categorias do prêmio Framboesa de Ouro, o "Oscar" do cinema dado para os piores filmes.