'Nick Cave - 20 mil dias na Terra' expõe a intimidade do músico australiano

Misturando elementos de documentário e ficção, o filme estreia nesta quinta-feira no Cine Belas Artes

por Mariana Peixoto 09/04/2015 08:30

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Indie/Divulgação
Nick Cave e Kylie Minogue no longa-metragem dirigido por Iain Forsyth e Jane Pollard (foto: Indie/Divulgação)
Longa-metragem que abriu em setembro o 'Indie – Mostra do Cinema Mundia'l, 'Nick Cave – 20 mil dias na Terra', de Iain Forsyth e Jane Pollard, estreia nesta quinta-feira em somente um horário no Cine Belas Artes. É para assistir correndo, pois o filme cresce na tela grande. E a trilha sonora pede uma sala escura com equipamento de última geração.

O pressuposto é bastante simples: à época em que gravava seu mais recente álbum com o grupo Bad Seeds, 'Push the sky away' (2013), o cantor, compositor, escritor e ator australiano escreveu o verso que acabou norteando o conceito do filme. Hoje com 57 anos, Cave havia acabado de completar seus 20 mil dias neste planeta. Decidiu, então, filmar um dia em sua vida. Mas nada é tão simples assim.

A partir desse pressuposto, o filme, misto de documentário e ficção, discorre sobre as questões que sempre nortearam o trabalho de Nick Cave, seja na música, na literatura ou no cinema, ao longo de quatro décadas. Há a intenção de recriar o tempo real – fazer coisas corriqueiras em casa; entrar no escritório para compor; encontrar em estúdio com seus músicos para gravar. E há ainda as situações em que, em conversas aparentemente ao acaso, Cave encontra-se com seu passado.

A cena mais clara é aquela em que ele, num carro, bate um papo com a conterrânea Kylie Minogue, responsável pelo momento pop de Cave, com o dueto em 'Where the wild roses grow' (1995). No fim das contas, real e irreal pouco importam. Em meio a todas essas passagens, que marcariam a tal data que dá título ao filme, Cave versa principalmente sobre a memória. É essa a intenção do músico, que afirma em suas digressões que o que mais teme na vida é a perda da memória.

A parte final, com a gravação da canção 'Jubilee Street', que reuniu o Bad Seeds e o coral infantil da Ecole Saint Martin, em Saint-Rémy-De-Provence, costura todo o filme. Vida, morte, religião, violência e amor, temas caros para Nick Cave, fazem todo o sentido naquele único momento. E fica claro que, mesmo depois de milhares de dias na Terra, Cave não é deste planeta.

Na estrada

Já amanhã tem início, no Cine Humberto Mauro, a mostra 'Sem destino – Filmes na estrada'. Até 30 deste mês serão exibidos, com entrada franca, 21 road-movies. Com curadoria de Philipe Ratton, a mostra reúne produções que têm como protagonistas personagens em transformação.

A seleção reúne alguns clássicos do gênero, como 'Sem destino' (1969), de Dennis Hopper. Filme que influenciou a cinematografia de Hollywood da década de 1970, tem nos papéis principal Peter Fonda e o próprio Hopper. Motoqueiros que viajam pelo Sul dos Estados Unidos, Wyatt (Fonda) e Billy (Hopper), negociam droga para, com o dinheiro, chegar até Nova Orleans a tempo de participar da festa do Mardi Grass. Os temas são a ascensão e queda do movimento hippie e as tensões sociais nos EUA no período.

Sem destino será exibido nesta sexta-feira, às 19h. No primeiro dia da mostra serão apresentados ainda dois longas de 1970: 'Cada um vive como quer', de Bob Rafelson, às 17h; e 'Zabriskie Point', de Michelangelo Antonioni, às 21h. Outros títulos da mostra são 'Thelma e Louise' (1991), de Ridley Scott, e 'Priscila – A rainha do deserto' (1994), de Stephan Elliott, além de produções cultuadas, como 'Profissão: repórter' (1975), de Antonioni, e 'Paris, Texas' (1984), de Wim Winders.

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