Perfil: Patrícia Andrade atua na TV e no teatro, além do cinema

Cineasta deixou a carreira de jornalista e começou a escrever filmes

por Ana Clara Brant 24/03/2015 08:00

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PATRICIA ANDRADE/DIVULGAÇÃO
A roteirista Patrícia Andrade, que estreou no cinema com '2 filhos de Francisco' (2005) (foto: PATRICIA ANDRADE/DIVULGAÇÃO)
A jornalista Patrícia Andrade, de 49 anos, diz que começou “errado” na profissão de roteirista. O primeiro trabalho veio sem esperar e sem experiência alguma. Mas deu tão certo – '2 filhos de Francisco – A história de Zezé de Camargo & Luciano' (2005) tornou-se um fenômeno de bilheteria –, que ela se tornou um dos principais nomes do roteiro no Brasil.

Hoje, Patrícia tem no currículo não só obras para o cinema, que é a sua praia – “Talvez seja porque foi onde comecei e me sinta mais à vontade” –, mas também na TV (o programa 'Esquenta', a minissérie 'O canto da sereia' e a série 'Preamar', da HBO) e no teatro (os musicais sobre Elis Regina, Cássia Eller e Wilson Simonal).


Depois de trabalhar durante mais de uma década como repórter e editora, ela se cansou da rotina, que incluía plantões nos feriados e fins de semana, além das pressões de um jornal diário. Com o nascimento das duas filhas, sentia a necessidade de dar uma guinada. Coincidiu com o boom da internet e a (produtora) Conspiração estava abrindo seu braço eletrônico. Fui para lá como diretora de conteúdo e passei a ter contato com o pessoal do cinema”, lembra.


Um dia, um executivo da Conspiração disse a ela que o músico Zezé di Camargo havia comentado que sua história de vida era muito bonita. Propôs que Patrícia fosse a São Paulo entrevistá-lo, ainda que apenas por cortesia.“Retruquei que não sabia nada de sertanejo. Mesmo assim, fui com a Carol Kotscho, que era da área comercial da produtora, para Alphaville, onde Zezé morava. Escutamos a história e realmente a achei fantástica. Falei que dava um filme lindo. Voltei para o Rio toda empolgada e contei para todo mundo da Conspiração. Entrevistei os pais. Escrevi como se fosse uma reportagem. Deu 17 páginas. Sugeri para vários diretores, mas ninguém deu muita bola”, recorda.

 Estevam Avellar/Rede Globo
Isis Valverde em cena da minissérie 'O canto da sereia' (foto: Estevam Avellar/Rede Globo )
PATINHO FEIO 
Até que um dia, de pé no corredor da Conspiração, ela parou o diretor Breno Silveira, mesmo sem conhecê-lo direito, e sugeriu a história. “O Breno estava envolvido com aquele que seria seu segundo filme, 'Era uma vez', mas ficou super a fim. Começamos com o pé direito.”


Durante um tempo, na lembrança de Patrícia, '2 filhos de Francisco' foi uma espécie de ‘patinho feio’. “Quando chamei o Nelson Motta, que é tio do meu marido e super meu amigo, para ver, ele me criticou. Falou que eu era maluca e que estava jogando a minha carreira fora. Depois de assistir, saiu aos prantos do cinema. E o interessante é que isso aconteceu com outras pessoas”, conta.


A parceria com Breno Silveira continuou rendendo frutos. Após a cinebiografia da dupla Zezé di Carmargo e Luciano, os dois fizeram 'Era uma vez', 'À beira do caminho', 'Gonzaga: de pai pra filho'. Atualmente, os dois têm três projetos em andamento: o filme 'A costureira e o cangaceiro', baseado no livro homônimo; 'A brasileira', inspirado na história real de uma mulher da alta sociedade carioca que foi presa em flagrante por tráfico internacional de drogas na Espanha, e a biografia de Éder Jofre, em que Breno assinará a produção, não a direção.


“É muito importante ter uma afinidade com o diretor com quem você vai trabalhar. Em cada filme, são anos de convivência intensa. Breno e eu acabamos nos unindo por compartilhar emoções parecidas. A coisa flui bem. Ajudo a escolher o elenco, a trilha, vou para o set, enfim, participo de todo o processo, o que geralmente não ocorre com os demais diretores. Já sei o que ele quer, e ele sabe como eu vou fazer. A sintonia é impressionante”, diz Patrícia, que é contratada da TV Globo.
Além de consolidar sua atuação no cinema, Patrícia enveredou por um filão que está se popularizando no Brasil – o dos musicais –, embora sempre tenha considerado esse tipo de dramaturgia um pouco ‘cafona’.


Ela estreou com a obra sobre Cássia Eller e seu grande sucesso do gênero foi 'Elis, a musical', que inicialmente era o projeto de um filme. “O (diretor) Hugo Prata chamou Nelson Motta e eu para escrever o roteiro do filme. No meio do caminho ele se tornou um musical. Sempre odiei musical, porque, para mim, a chance de ser brega, fantasioso é grande. E o público sempre espera que a gente seja absolutamente fiel. Esse era o meu receio”, conta. “Mas o Nelsinho me incentivou muito e a gente funcionou junto”, diz. A parceria dos dois seguiu e já há outros projetos em andamento.

Simonal  “Como o da Elis ficou lindo e o da Cássia ficou honesto, eu me empolguei. O do Simonal também é fantástico e agora estamos preparando um sobre o festival de 1967, que será montado no ano que vem.”


Patrícia acredita que, mesmo tendo participado de cursos e workshops para roteiristas, a base que ela teve no jornalismo, que exige disciplina, paciência e ser uma boa ouvinte, foi fundamental. “Todo mundo da minha época é meio autodidata. Estamos engatinhando ainda, mas acho que o essencial é ter dedicação e uma maneira especial de contar. E, claro, uma boa história na mão.”

 

Trabalhos de

Patrícia Andrade

2005  2 Filhos de Francisco: A história de Zezé di Camargo & Luciano (filme)
2008 Era uma vez... (filme)
2009  Salve geral (filme)
2007-2010 Por toda  minha vida (TV)
- RPM (2010)
- Claudinho (2009)
- Dolores Duran (2008)
- Nara Leão (2007)
- Leandro (2007)

2010 Papai Noel existe (especial para TV)
2012 Preamar (série TV)
2012 À beira do caminho (filme)
2012 Gonzaga: de pai  pra filho (filme)
2013 O canto da sereia (minissérie de TV)
2014 Julio sumiu (filme)
2014 Made in China (filme)
2015 Tim Maia: vale o que vier (minissérie adaptada para a TV)

Musicais
Elis, a musical (2013)
Cássia Eller: o musical (2014)
S’imbora, o musical: a história de Wilson Simonal (2015)

O que vem por aí


2015 A Esperança é a última que morre (comédia com Dani Calabresa)
2015  Nise da Silveira – A senhora das imagens (drama  com Glória Pires)
2016  Musical sobre o festival de 1967

Sem data

A brasileira (filme em produção)
A costureira e o cangaceiro
(filme em produção)
Éder Jofre (filme em produção)

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