Cinema

Richard Glatzer, diretor de 'Para sempre Alice', deixa legado para cinema LGBT

Sempre em parceria com o marido, Wash Westmoreland, cineasta dedicou filmografia à discussão de temas como homofobia, marginalização e HIV

Fernanda Machado Estado de Minas

Glatzer (à dir.) acompanhado do marido, com quem dividiu criação e direção de cinco filmes; cineasta foi internado dias antes do Oscar que premiou sua obra mais recente, por atuação de Julianne Moore
A estreia brasileira de 'Para sempre Alice' nesta quinta-feira, 12, serve como tributo in memoriam ao cineasta norte-americano Richard Glatzer, morto nesta quarta-feira, aos 63 anos, em Los Angeles, EUA. Co-diretor do longa estrelado por Julianne Moore, Glatzer sofria de ELA (esclerose lateral amiotrófica). Ele havia sido internado dois dias antes da cerimônia do Oscar em que a atriz foi premiada por sua interpretação da personagem-título no longa.

 

Diretores e atriz em sessão especial de 'Para sempre Alice', no último mês de novembro; doença de Glatzer é apontada por críticos como inspiração para retrato cru do Alzheimer no filme
Dirigido por Glatzer e seu marido, Wash Westmoreland, 'Para sempre Alice' traz Moore no papel de uma professora que sofre precocemente de Alzheimer. Vencedor do Oscar de Melhor Atriz e de pelo menos outros 20 prêmios, o filme encerra a longa parceria dos diretores, que viviam um relacionamento amoroso e profissional desde o início dos anos 2000. 

 

Nos bastidores da TV, Richard trabalhou em reality shows como 'The Osbournes' e 'America's next top model'. Seu primeiro filme, 'Grief' (1993), retornava a este ambiente, mesclando drama e comédia em olhar sobre o cotidiano de um produtor de TV.

 

Juntos, Glatzer e Westmoreland escreveram e dirigiram cinco longas, sempre em lançamentos independentes. A cultura gay e os desdobramentos do preconceito contra a população LGBT eram temas recorrentes na filmografia do casal.

 

'The fluffer' (2001) abordava a paixão obssessiva de um jovem por um ator pornô, para quem o protagonista aceita trabalhar como uma espécie de assistente sexual. 'Meus 15 anos' (2006) acompanha uma adolescente grávida que, expulsa de casa, recorre a um tio gay e conhece os efeitos da discriminação. Já a cinebiografia 'Pedro' (2008) narra a trajetória do ativista Pedro Zamora, primeiro membro de um reality show nos EUA a assumir-se homossexual e portador de HIV.