Documentário 'Retratos de identificação' retrata prisões e exílio

Filme será exibido nesta quinta-feira, no Crea Cultural do Bairro de Lourdes

por Bertha Maakaroun 26/02/2015 09:50

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Divulgação
(foto: Divulgação)
Algumas das páginas da história recente brasileira, seladas pela ditadura militar, serão exibidas nesta quinta-feira às 20h, no Crea Cultural do Bairro de Lourdes, em Belo Horizonte, com a apresentação do documentário 'Retratos de identificação'. Trata-se do primeiro filme brasileiro elaborado a partir dos acervos fotográficos produzidos pelos órgãos de repressão do Estado entre 1964 e 1985, dentro do Projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (CA/MJ). Toda a pesquisa foi realizada junto ao Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, Superior Tribunal Militar e Arquivo Nacional.

Dirigido pela professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Anita Leandro, o núcleo da narrativa se desenvolve a partir da reação dos ex-guerrilheiros, ambos vivos, Antônio Roberto Espinosa, da VAR Palmares, e Reinaldo Guarany, da Aliança Libertadora Nacional (ALN), quando se surpreendem, pela primeira vez, com as fotografias sacadas pelo extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops) no momento em que foram presos e, mais tarde, quando exilados.

Reinaldo Guarany revela passagens sobre o seu exílio no Chile, ao lado da militante da VAR-Palmares Maria Auxiliadora, a Dôra, presa em 21 de novembro e 1969, no Rio de Janeiro, em companhia de Chael Charles Schreier. Antônio Roberto Espinosa, que, naquele dia, também foi preso com Dôra e Chael, dá o seu depoimento sobre a repressão e as torturas que se passaram na Vila Militar. Chael morreu nesse local menos de 24 horas depois da prisão.

Dôra foi banida para o Chile em 23 de janeiro de 1971, com outros 69 presos políticos em troca da libertação do embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, sequestrado em 7 de dezembro de 1970 por militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Após o golpe militar que derrubou Salvador Allende em setembro de 1973, Dôra obteve asilo político no México, passou pela Bélgica, até se fixar na Alemanha, onde suicidou-se um ano depois, quando estava prestes a concluir o curso de medicina que interrompera no Brasil.

Anita Leandro companhar a exibição do documentário hoje e, na sequência, participará de debate com o público e o deputado federal Nilmário Miranda (PT), que é conselheiro da Comissão de Anistia sobre a importância das ações de memória histórica para a democracia. “Dôra foi pessoa muito emblemática na história da resistência à ditadura em Minas. Por meio deste drama humano e de tantos outros assassinados nos porões da ditadura, podemos explicar para as novas gerações qual o significado de torturas, prisões, exílio, que, no caso dela, terminou com o seu suicídio”, diz Nilmário Miranda.


Exibição e debate sobre 'Retratos de identificação'. Nesta quinta-feira, às 20h Local: Crea Cultural de Belo Horizonte, Avenida Álvares Cabral, 1.600, Santo Agostinho.

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