Destaques em Berlim, filmes de Herzog e Jafar Panahi abordam a complexa situação do Irã e Oriente Médio

'Queen of the desert', do cineasta alemão, é um dos grandes destaques da competição pelo Urso de Ouro. Proibido de deixar se país, Panahi não pode prestigiar 'Taxi' na Berlinale

por Carolina Braga 07/02/2015 07:00

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TOBIAS SCHWARZ/AFP
A atriz Nicole Kidman, protagonista de 'Queen of desert', dá autógrafos para fãs durante o Festival de Berlim (foto: TOBIAS SCHWARZ/AFP)

O diretor Werner Herzog e os atores Nicole Kidman, James Franco e Damian Lewis foram as estrelas de ontem no tapete vermelho do Festival de Berlim, na Alemanha. O longa 'Queen of the desert', exibido na competição pelo Urso de Ouro, conta a história da inglesa Gertrude Bell. A trama se passa no deserto, no início do século 20: depois de conquistar a confiança de muçulmanos no Cairo, em Basra e Bagdá, Bell contribui para as negociações entre o Oriente e o Império Britânico.

Assim como o novo filme de Terrence Malick – 'Knight of cups', estrelado por Natalie Portman e Christian Bale, programado para a superaguardada sessão de amanhã –, 'Queen of desert' é uma das produções mais badaladas do evento alemão.

A interação entre os atores foi um dos aspectos mais destacados durante a coletiva concedida pela equipe de 'Queen of the desert'. “Em um filme, química é tudo – e não apenas entre os intérpretes”, disse Werner Herzog. O aclamado diretor reconheceu que deveria ter rodado longas sobre personagens femininos mais cedo. “Estou feliz por isso ter ocorrido agora. Vou continuar”, comentou.

Vestida de preto, com longos brincos de prata e apenas uma pedra verde, Nicole Kidman ressaltou sua satisfação com o novo trabalho e comentou os desafios de rodar um filme no deserto. “Foi uma lição de história, muito extensa”, explicou.

Por sua vez, James Franco afirmou que ter sido dirigido por Herzog foi um aprendizado para ele. “Faria qualquer coisa. Sempre me senti seguro com ele, independentemente do que me pedia”, contou.

POLÍTICA


Outro longa exibido ontem na Berlinale foi 'Taxi', do iraniano Jafar Panahi. O diretor não foi à Alemanha porque não pode deixar seu país. Celebrado por cinéfilos em todo o mundo, Panahi, de 54 anos, está proibido de realizar seu ofício no Irã, pois é considerado subversivo. Panahi acabou detido por causa do documentário que filmava sobre os distúrbios relativos à polêmica eleição presidencial em 2009. Proibido de rodar filmes por 20 anos, foi acusado de atentar contra a segurança do Estado e de incentivar a propaganda contra o regime.

'Taxi' é o terceiro filme que Panahi dirige depois da proibição. O iraniano foi muito aplaudido em Berlim e recebeu estímulo para seguir adiante. “Sou um cineasta. Não posso fazer outra coisa a não ser filmes. O cinema é meu modo de expressão e a razão da minha vida. Por isso preciso continuar filmando”, afirmou ele à agência AFP.

Em 'Taxi', Panahi exibe a Teerã contemporânea através das janelas de um carro. Cada passageiro que ele transporta apresenta uma história. Na primeira viagem, duas pessoas que não se conhecem e seguem para o mesmo local conversam sobre a sharia (lei islâmica) e a pena capital.

O homem defende o enforcamento de ladrões de autopeças, enquanto a professora responde que a pena de morte não se mostrou eficaz para impor a ordem social. “Depois da China, somos o país que tem o maior número de execuções”, protesta ela. Por meio de seus casos e pontos de vista, os passageiros do táxi falam muito da realidade do Irã. (Com agências)

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