Cineasta, ator e produtor alemão radicado nos EUA, Mike Nichols deixa um legado de peso

Morto aos 83 anos, diretor trafegou com maestria entre a Broadway e Hollywood

por Fernanda Machado 21/11/2014 09:00

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FRED PROUSER/REUTERS
(foto: FRED PROUSER/REUTERS)

Praticamente uma unanimidade em termos de premiação, o diretor Mike Nichols, que morreu de infarto do miocárdio na noite de quarta-feira, aos 83 anos, foi um dos poucos a conquistar um EGOT. A “sigla” simplesmente quer dizer que ele faturou todos os badalados prêmios da área cultural: Emmy (TV), Grammy (música), Oscar (cinema) e Tony (teatro).

O cineasta americano de origem alemã se tornou famoso desde que venceu o Oscar de direção com 'A primeira noite de um homem' (1967), seu segundo filme. De lá pra cá, colecionou currículo invejável, com pérolas como 'Closer: perto demais' (2004). Vencedor de nove prêmios Tony, o maior do teatro norte-americano, ele circulou com rara desenvoltura entre a Broadway e Hollywood. Mike Nichols era casado com uma celebridade, a jornalista Diane Sawyer, ex-âncora do noticiário World News Tonight, do canal de televisão ABC. O diretor deixa a mulher, os filhos Daisy, Max e Jenny, e quatro netos.

"Com uma carreira de triunfos em quase seis décadas, Mike contribuiu com as mais icônicas obras do cinema americano, com um impressionante currículo. Ele era um verdadeiro visionário, ganhou as mais altas honrarias no mundo das artes por seu trabalho como diretor, roteirista, produtor e ator. Ninguém era mais apaixonado por sua arte que Mike", afirmou James Goldston, presidente da ABC News, em comunicado.

Aparência Michael Igor Peschkowsky nasceu em Berlim, onde seus pais passaram a viver depois de deixar a Rússia. Ele foi para os EUA em 1939, aos 7 anos, quando sua família fugiu dos nazistas. Cresceu em Nova York, sentindo-se um peixe fora da água por seu inglês limitado e sua aparência incomum – uma vacina para tosse convulsa causou a queda permanente de seus pelos. Nichols lutou contra a depressão quando era aluno de medicina da Universidade de Chicago (paralelamente, dedicava-se à comédia e ao teatro).

Começou com a comédia, em Chicago, no grupo Compass Players, ao lado de lan Arkin, Barbara Harri e Edward Asner. Depois, formou dupla de humor muito popular na época com Elaine May. A partir daí, fez sucesso como diretor na Broadway. A estreia no cinema veio com 'Quem tem medo de Virgínia Wolf' (1966), adaptação do sucesso da Broadway com Elizabeth Taylor e Richard Burton, que logo de cara lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Mas o homenzinho dourado veio logo no segundo longa, o clássico 'A primeira noite de um homem', em 1967. Filme-retrato da revolução sexual pós-anos 1960, o clássico tem Dustin Hoffman como jovem tímido que se apaixona por uma mulher mais velha (Anne Bancroft).

Mike Nichols foi indicado ao Oscar por 'Silkwood – O retrato de uma coragem' (1983) e 'Uma secretária de futuro' (1988). Conhecido por trafegar com desenvoltura pelo romance, a comédia e o drama, ele lançou 19 filmes – sua última produção foi Jogos de poder (2007). Mas foi com sua obra anterior, Closer: perto demais (2004), que ele passou a ser admirado pela nova geração de cinéfilos. Adaptação de peça homônima, o filme foca suas lentes na vida de dois casais, mostrando seus dramas e questionamentos mais profundos. Conspirou para o sucesso do longa a escolha do elenco: Jude Law, Natalie Portman, Clive Owen e Julia Roberts.

SAIBA MAIS
Obra interrompida

Sempre produtivo, Mike Nichols deixa interrompida uma obra para a TV. Trata-se da minissérie Master class, da HBO. Ele trabalhava na versão da peça vencedora do Tony, trama sobre a cantora de ópera Maira Callas. Na telona, Meryl Streep, parceira constante do cineasta, daria vida a Callas. Com a atriz, Nichols fez a minissérie Angles in America (2003), que faturou 11 Emmy e cinco Globos de Ouro – a trama mostra o surgimento da Aids nos EUA.

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