Festival Cine-BH terá produções de 20 países com entrada franca

Ao todo serão 98 produções em cartaz na capital. Abertura do evento será com o longa-metragem 'Deserto azul', do mineiro Eder Santos

por Ailton Magioli 13/10/2014 08:18

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CineBH/Divulgação
Odilon Esteves estrela 'Deserto azul', de Eder Santos, que dá o pontapé inicial ao festival, evento que já ganhou repercussão internacional (foto: CineBH/Divulgação)
A ausência de políticas públicas para o segmento, em especial no que diz respeito à produção e exibição, não impede que a CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte volte a inaugurar sua programação com um filme mineiro. Atração às 20h de quinta-feira do Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade, 'Deserto azul', de Eder Santos, vai dar o pontapé inicial na oitava edição do evento, que, em oito dias, exibirá 98 filmes, entre longas, médias e curtas, no Cine Humberto Mauro, Grande Teatro e Sala Professor José Tavares de Barros, do Sesc-Palladium, além do CCBB.


Só na mostra principal (Contemporânea) serão 17 longas, quatro médias e um curta do Chile, Estados Unidos, Portugal, França e Espanha, além do Brasil. Os desafios do setor audiovisual no mercado global, segundo a coordenadora Raquel Hallak, darão o tom à 8ª CineBH. Também responsável pelas mostras de Tiradentes e de Ouro Preto, ela lembra que, apesar da existência de mais de 300 produtoras de audiovisual no país, a proporção para a distribuição não é a mesma.

Daí a importância de eventos como esse, que, além da Mostra Contemporânea, com curadoria dos críticos Francis Vogner dos Reis e Pedro Butcher, terá a Mostra Curtas, com a exibição de 48 títulos nos formatos, e duas retrospectivas. Uma será dedicada ao cultuado diretor francês Olivier Assayas, cujo filme Acima das nuvens, ainda inédito no Brasil, vai se juntar a 'Água fria' (1994), 'Irma Vep' (1996), 'Destinos sentimentais' (2000) e 'Traição em Hong-Kong' (2007), entre outros. A outra retrospectiva será dedicada ao cineasta argentino Santiago Loza, que terá oito filmes exibidos na mostra, entre os quais 'Extraño', detentor do prêmio de melhor filme do Festival de Roterdã de 2003.

Workshops, masterclasses e oficinas também estão na agenda da CineBH, que receberá, para três encontros, o crítico de cinema estadunidense Tag Gallagher, que abordará a obra de Roberto Rossellini, John Ford e Max Ophüls. Simultanemente, também será realizado o Brasil CineMundi – International Coprouction Meeting, que, na quinta edição, estará recebendo 21 convidados internacionais, representando a indústria audiovisual mundial de 10 países. Paralelamente, também serão realizadas a Mostra Diálogos Históricos (masterclass com Tag Gallagher) e a Mostrinha, além do Cine-Escola.

Longa-metragem de Eder Santos, 'Deserto azul', que abre a CineBH, é uma ficção científica em estilo retrô que reúne no elenco Ângelo Antônio, Maria Luísa Mendonça, Chico Diaz e Odilon Esteves. Rodado em Brasília e no Deserto do Atacama, no Chile, o filme é a segunda incursão do diretor – que é referência da videoarte brasileira – no formato longa, depois de 'Enredando as pessoas' (1995). No novo filme, ele discute um mundo no qual não há guerras nem conflitos sociais, restando ao ser humano, dotado de forte espiritualidade, a transcendência.

Programação


CineBH/Divulgação
Coprodução da Argentina, México, Brasil, França e EUA, 'El ardor', de Pablo Fendrik, tem Alice Braga e Gael García Bernal no elenco (foto: CineBH/Divulgação)
Mostra Contemporânea
» Longas:
'A dança da realidade', de Alejandro Jodorowsky (Chile); 'A última caçada de búfalos', de Lee Anne Schmitt (EUA); 'A vingança de uma mulher', de Rita Azevedo Gomes (Portugal); 'Castanha', de Davi Pretto (Brasil/RS); 'Deserto azul', de Eder Santos (Brasil/MG); 'Double play: James Benning & Richard Linklater', de Gabe Kingler (EUA); 'E agora? Lembra-me', de Joaquim Pinto (Portugal); 'El ardor', de Pablo Fendrik (Argentina, México, Brasil, França, EUA) – sessão CineMundi; 'Faroeste', de Abelardo de Carvalho (Brasil/RJ); 'Hamlet', de Cristiano Burlan (Brasil/SP); 'Mercados de futuro', de Mercedes Álvarez (Espanha); 'National Gallery', de Frederick Wiseman (EUA); 'Noites brancas', de Paul Vecchiali (França); 'O atirador', de José Oliveira, Mário Fernandes e Marta Ramos (Portugal); 'Obra', de Gregorio Graziosi (Brasil/SP); 'Por exemplo, Electra', de Jeanne Balibar e Pierre Leon (França); e 'Terra de ninguém', de Salomé Lamas (Portugal).

» Médias: 'A primeira vez: Catherine Breillat', de Luc Moullet (França); 'Israel casa de bamba', de Felipe Ivanicska (Brasil/MG); 'Noite clara', de Felipe Vernizzi (Brasil/SC); e 'Redemption', de Miguel Gomes (Portugal).

» Curta: 'Reunião de condomínio', de Luc Moullet (França).


Três perguntas para:  Eder Santos, artista plástico e cineasta

 

O que significa fazer cinema em Minas Gerais?
Uma coisa é a conseguir aprovar o longa no Filme em Minas, que é importante. Mas realizar a obra é bastante complicado, ainda que haja grupos como a Teia e outros. Hoje, é possível até alugar equipamentos por aqui e há muita gente filmando no estado, onde temos bons profissionais. Mas tudo depende do tipo do projeto. No meu caso, por exemplo, foi difícil. Para se ter uma ideia, enviei o projeto para o Filme em Minas em 2006 e só consegui aprová-lo em 2008. Em 2010, filmamos, e este ano, enfim, conseguimos finalizar.

Que segmento de público você pretende atingir com Deserto azul?
Estamos trabalhando com o público jovem, de 16 a 30 anos. Claro que os que gostam de cinema de arte chegam à faixa dos 50. Porém, estamos trabalhando com a chamada geração digital (2D) e acho que vai pegar. Em vez de pedir ao público para desligar o telefone durante a sessão, a gente pede para deixá-lo ligado. O filme vai conversar com o celular do espectador. Quer dizer, a pessoa entra na rede e, durante a exibição, recebe informações complementares. Funcionou muito bem durante a exibição no Festival do Rio, que terminou dia 8

Qual é a importância das mostras e festivais na carreira de um filme?
Acho importantíssimo. No Brasil, depois da premiére no Rio, estamos trazendo 'Deserto azul' para a CineBH. Daqui, o filme seguirá para a Mostra Internacional de São Paulo, onde será exibido no fim de semana do segundo turno da eleição.

 

Assista ao trailer de 'Deserto Azul', longa que abre a 8ª Cine-BH:

 

 

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