É difícil falar do filme sem fazer paralelos com o brasileiro 'O som ao redor' (2012), de Kleber Mendonça. A temática abordada também é diferença de classes sociais. Os sons, assim como na produção brasileira, assumem papel na narrativa. No entanto, falta ao argentino consistência no discurso, maturidade no conjunto.
Quando radicaliza na proposta similar àquela criada pelo pernambucano, o jovem Naishtat opta por economia de palavras. Com isso, faz das lacunas verdadeiros buracos negros na compreensão do todo. O manejo dos sons não é bastante para complementar as mensagens que deseja transmitir. Os vazios estão postos, mas como o diretor não consegue preenchê-los, sequer oferece elementos para que os espectadores o façam. Assim, a dúvida paira e todo o experimentalismo se esvazia.
A trama se divide entre duas realidades. A primeira sequência, filmada do alto de um helicóptero, define as fronteiras de maneira muito clara: de um lado o cotidiano de um condomínio de luxo e do outro a vida em uma zona da periferia. Se fica nítido que há algo estranho na redondeza, muito se deve à qualidade do elenco. O roteiro, no entanto, não desenvolve a tensão. Sem ação que o justifique, o clima de suspense permeia todo o filme, mas torna-se gratuito. Um desperdício.
Cotação: Regular