Cinema

Atriz Lauren Bacall, morta aos 89 anos, dedicou seis décadas ao cinema

Dona de um olhar profundo e penetrante, atriz estrelou mais de 60 filmes

AFP

Atriz foi premiada com um Oscar honorífico em 2010, em reconhecimento à importância de Bacall no cinema, sobretudo durante a chamada Era de Ouro de Hollywood
A atriz americana Lauren Bacall, que faleceu aos 89 anos nesta terça-feira, encantou Hollywood por mais de 60 anos com seu olhar profundo e sua voz penetrante.


Nascida em 16 de setembro de 1924 em Nova York, Betty Joan Perske - seu nome de batismo - foi a única filha de um casal de imigrantes judeus de origem romeno-polonesa com parentesco com o ex-presidente israelense Shimon Peres.

Depois do divórcio de seus pais, quando tinha dez anos, Lauren ficou com a mãe, que se tornou uma das pessoas mais importantes de sua vida. "Graças ao imenso amor que ela tinha por mim, ela me convenceu de que eu podia conquistar o mundo", disse certa vez.

Com 15 anos, ela se matriculou na Academia Americana de Arte Dramática de Nova York, mas cursou apenas um ano por falta de dinheiro para pagar os estudos.

Lauren se descrevia como "um cabide, sem peito e com os pés grandes", mas foi escolhida "Miss Greenwich" em 1942. Nessa época, ganhava a vida com pequenos papéis no teatro e acabou virando modelo. Em 1943, estrelou a capa da revista de moda "Harper's Bazaar", onde foi vista pela mulher do cineasta Howard Hawks.

Em 1944, Hawks se tornou seu mentor e lhe deu um papel em "Uma aventura na Martinica", filme no qual conheceu Humphrey Bogart, outra lenda da era de Ouro de Hollywood. O sucesso do filme lançou Lauren de vez ao estrelato. A diva passou a ser chamada de "The look" (o olhar) por seus olhos de um azul intenso.

O amor e Bogart

"Uma aventura na Martinica" também se tornou o início de uma grande história de amor com Bogart, interrompida apenas pela morte do ator 12 anos depois.

Ambos se casaram em maio de 1946 - ele 25 anos mais velho - e tiveram dois filhos: Stephen, que é documentarista, e Leslie, professora de ioga.

O casal dividiu o set em "À beira do abismo", de Hawks (1946), "Prisioneiro do passado", de Delmer Daves (1947) e "Paixões em fúria", de John Huston (1948).

Lauren Bacall descobriu a comédia com o diretor Jean Negulesco em "Como agarrar um milionário" (1953), no qual atuou com Marilyn Monroe e Betty Grable, e em "O mundo é da mulher" (1954).

Depois da morte de "Bogie", vítima de um câncer de esôfago, a jovem viúva de 32 anos se voltou para a Broadway, onde seu talento foi recompensado. Ela ganhou dois prêmios Tony por "Applause" (1970) e por "Woman of the Year" (1981).

Um Oscar e um Globo de Ouro

Em 1961, ela voltou a se casar. Com o ator Jason Robards, teve um filho, Sam, que também se dedica à atuação. O casal se divorciou oito anos depois.

Lauren conquistou o público com suas interpretações em "Assassinato no Orient Express", de Sydney Lumet (1974), "The Shootist", de John Wayne (1976), ou em "Prêt-à-porter", de Robert Altman (1994), entre outras obras.

Seu papel em "O espelho tem duas faces" (1996), junto com Barbra Streisand, valeu a ela uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante e seu único Globo de Ouro.

Em 2005, atuou em "Manderlay", de Lars von Trier, candidato ao Festival de Cannes.

Cinco anos mais tarde, Lauren Bacall recebeu um Oscar honorífico por sua contribuição ao cinema, principalmente na época dourada de Hollywood

 

Filmes

 

O ícone da era de Ouro de Hollywood Lauren Bacall, falecida nesta terça-feira, aos 89 anos, atuou em mais de 60 filmes, entre eles:

- "Uma aventura na Martinica" (1944), de Howard Hawks

- "Quando os destinos se cruzam" (1945), de Herman Shumlin

- "À beira do abismo" (1946), de Howard Hawks

- "Prisioneiro do passado" (1947), de Delmer Daves

- "Paixões em fúria" (1948), de John Huston

- "Êxito fugaz" (1950), de Michael Curtiz

- "Bright Leaf" (1950), de Michael Curtiz

- "Como agarrar um milionário" (1953), de Jean Negulesco

- "O mundo é da mulher" (1954), de Jean Negulesco

- "Paixões sem freios" (1955), de Vincente Minnelli

- "Rota sangrenta" (1955), de William Wellman

- "Palavras ao vento" (1956), de Douglas Sirk

- "Teu nome é mulher" (1957), de Vincente Minnelli

- "A angústia de tua ausência" (1958), de Jean Negulesco

- "Shock treatment" (1964), de Denis Sanders

- "Médica, bonita e solteira" (1964), de Anthony Quinn

- "Harper - o caçador de aventuras" (1966), de Jack Smight

- "Assassinato no Orient Express" (1974), de Sydney Lumet

- "O último pistoleiro" (1976), de Don Siegel

- "O fã - obsessão cega" (1981), de Edward Bianchi

- "Louca obsessão" (1990), de Rob Reiner

- "Prêt-à-porter" (1994), de Robert Altman

- "Le jour et la nuit" (1997), de Bernard-Henri Lévy

- "Dogville" (2003), de Lars von Trier

- "Manderlay" (2005), de Lars von Trier

- "O falsificador" (2012), de Lawrence Roeck, seu último filme.