Cinema

3 x 3D já chegou ao Brasil

Jean-Luc Godard participa de projeto sobre o cinema em três dimensões
O projeto de 3 x 3D surgiu de encomenda da cidade portuguesa de Guimarães, que em 2012 foi a Capital Europeia da Cultura. A proposta era refletir sobre a produção cinematográfica em três dimensões, que parece ter vindo para ficar. Foram convidados três diretores: o inglês Peter Greenaway, o português Edgar Pêra e o franco-suíço Jean-Luc Godard.


O filme, que já chegou ao Brasil, começa com o curta de Greenaway, num único plano, sem cortes, para resumir a história de um lugar. O inglês tenta sintetizar a essência dos mais de dois milênios de Guimarães. Em 16 minutos, Greenaway busca, em vão, dar conta da complexidade do processo histórico e de momentos-chave. Seu estilo sempre excessivo transforma a tela numa poluição visual repleta de cores, letras, pessoas e informações.

Godard faz em The three disasters a montagem de material de arquivo, criando um ensaio sobre a fragmentação da história e a intersecção dela com a trajetória do cinema. Por meio de filmes, repensa a trajetória da humanidade. Nesse metacinema, o 3D é um suplemento, nunca a razão de ser. “O digital será uma ditadura”, esbraveja o filme.

O último episódio é Cinesapiens, de Pêra, que faz um ensaio sobre a história do espectador de cinema ao longo das décadas, alinhando situações que transitam entre o cômico e o fantasioso. Há, ao menos, a tentativa de explorar as possibilidades de uso do efeito de terceira dimensão.

Para o crítico da Variety, Peter Debruge, 3 x 3D “é um projeto de vaidade”, que serve apenas para celebrar a cidade de Guimarães. Aos fãs de Godard, só resta esperar por seu próximo longa, Adeus à linguagem – aliás, rodado em 3D.