Desta vez, nada do onipresente Ricardo Darín. É o próprio Campanella quem dá voz ao vilão Ezequiel na versão original do filme. A trama gira em torno da disputa dele e de Amadeo, menino tímido, franzino, mas imbatível em uma partida de Totó (há quem conheça como pebolim). Na infância ele é desafiado e derrota Ezequiel em um jogo que o marcaria para sempre. Anos mais tarde, já como um poderoso atleta de futebol de verdade, Ezequiel volta à terra natal e manda destruir a cidade, a começar pela mesa de Totó do desafeto. Quando Amadeo pensa estar tudo perdido os pequenos jogadores de madeira ganham vida e encaram com ele o desafio de salvar o lugarejo.
'Um time show de bola' tem no roteiro seu primeiro mérito. Joan José Campanella começa a contar essa história desde o descobrimento da bola (com direito a divertida homenagem a '2001 – Uma odisseia no espaço', de Stanley Kubrick), passa pelo prazer da brincadeira com a pelota e seus derivados, como é o caso do totó, até criticar a ambição e a vaidade que marcam o mundo profissional do futebol. Mesmo tendo o esporte como guia, curiosamente não é o que mais importa. Campanella fala principalmente sobre ética, valores, caráter. Sem ser piegas, 'Um time show de bola' é sobre saber vencer e perder.
A maturidade do diretor também parece explícita no modo como ele conduz a câmera. O recurso do 3D faz com que o espectador experimente entrar na partida junto com os atletas. Os traços do desenho também diferenciam Um time show de bola da maioria das animações norte-americanas. Com experiência crescente na direção de séries nos EUA, como episódios de Law&Order e Dr. House, Joan José Campanella saiu da zona de conforto e se deu muito bem.
UM CONTO
Um time show de bola é baseado no conto “Memórias de um lateral direito”, escrito pelo cartunista argentino Roberto Fontarrosa (1944-2007). O texto havia sido adaptado anteriormente por Luciano Ferrero.
Assista o trailer de 'Um time show de bola':