Restaurado, filme 'Tostão, a fera de ouro' ganha exibição nesta segunda em Belo Horizonte

Longa de Paulo Laender e Ricardo Gomes Leite que acaba de ser restaurado e estreou no Cinefoot, no Rio de Janeiro

por Carolina Braga 24/06/2013 06:00

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Curta circuito/divulgação
O documentário 'Tostão, a fera de ouro' será exibido simultaneamente no Humberto Mauro e no Teatro João Ceschiatti (foto: Curta circuito/divulgação)
Da lata do filme toda mofada à imagem de 'Tostão, a fera de ouro' na telona um ano se passou. Foram inúmeras negociações com laboratórios, direitos autorais, mas, para a produtora Daniela Fernandes, além ver o longa pronto, nada deve superar a emoção da noite desta segunda-feira. Está marcada para as 20h, no Cine Humberto Mauro, a primeira exibição da cópia restaurada do longa de 1973 dirigido por Paulo Laender e Ricardo Gomes Leite. Como não poderia deixar de ser, Tostão é o convidado de honra da sessão.

“Sejam bem-vindos ao renascimento desse filme. É uma pena que um dos diretores não esteja mais aqui para ver. Não esperava que a gente fosse conseguir essa restauração”, diz Daniela. Responsável pela programação do projeto Curta Circuito, também realizado no Palácio das Artes, na busca por longas históricos, a equipe se deparou com uma série de filmes que gostaria de mostrar ao público, mas que não estavam em condição de ser exibidos. “Em alguns casos, a cópia estava em estado tão precário que não poderia nem sair da cinemateca”, ela conta.

'Tostão, a fera de ouro' faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foi com a ajuda da instituição carioca que Daniela conseguiu apoio para recuperar esse e outros quatro longas produzidos por cineastas mineiros. No caso de 'Tostão...', mesmo com toda a tecnologia disponível hoje em dia, a opção foi por manter as imperfeições causadas pelo tempo no negativo. “Algumas partes estavam danificadas e o som do filme teve que ser reifeito”, diz Daniela.

Curta circuito/divulgação
(foto: Curta circuito/divulgação)
Na opinião do produtor executivo do longa, o também cineasta Geraldo Veloso, a trilha sonora é uma preciosidade. Foi a primeira vez que Milton Nascimento compôs para o cinema em parceria com Fernando Brant. “Minha emoção é muito grande. Entro em uma máquina do tempo”, confessa Veloso.

Com roteiro de Roberto Drummond, 'Tostão, a fera de ouro' foi pensado, inicialmente, para ser um curta. “Quando o Tostão teve o descolamento de retina, todo o cronograma foi por terra”, conta Daniela. Os diretores acompanharam o jogador durante a Copa de 70, mas um contratempo ampliou o rumo daquela história.

Além de registrar momentos de glória do atleta, seja na Seleção Brasileira ou no Cruzeiro, Paulo Laender e Ricardo Gomes Leite acompanharam o tratamento do jogador nos Estados Unidos. Tostão foi operado em Huston e, a partir daquele episódio, começou a se despedir da carreira nos campos. “Se Tostão estiver presente na sessão, não sei se o meu coração vai aguentar. Ele tem uma relação complicada com o filme, porque pouco depois deixou o futebol”, completa Geraldo Veloso.

Tanto ele quanto Daniela Fernandes chamam a atenção para a importância da recuperação de longas como esse, de valor histórico. “Tem imagens belíssimas do Canal 100. É um resgate. Disse ao pessoal do Cruzeiro o quanto isso é uma memória importante para o time”, afirma Daniela.

A cópia restaurada de 'Tostão, a fera de ouro' estreou no mês passado, na edição do Cinefoot, Festival de Cinema de Futebol, no Rio de Janeiro. Estavam na plateia, além de ex-colegas do craque, curadores de outros eventos audiovisuais. “Como o Cinefoot faz parte de um conjunto de 14 ou 15 festivais de cinema de futebol, achamos que seria ótimo fazer a distribuição por meio desses eventos. A ideia é que o filme circule o mundo inteiro. O pessoal de Berlim, por exemplo, estava no Rio e amou”, conta a produtora.

O festival


O Cinefoot Tour (Festival de Cinema de Futebol) termina amanhã, no Oi Futuro e no Cine Humberto Mauro, do Palácio das Artes. A programação contempla produções nacionais e internacionais ligadas ao futebol, além das parcerias estabelecidas com o Festival 11mm (Football Film Festival), de Berlim, e Ficts (Milano International Ficts Fest), de Milão, na Itália. Com a temática “Futebol é mais que um jogo”, o evento procurou mostrar imagens que destacam os sentimentos e o envolvimento das pessoas com o esporte.

Programação


Nesta segunda-feira


» Oi Futuro Klauss Vianna
Av. Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras

9h
– Sessão de curtas-metragens: 'Gaúchos canarinhos', de Rene Goya Filho (RS, 2007); 'Zimbú', de Marcos Strassburger Souza (SP, 2011); 'Ernesto no país do futebol', de André Queiroz e Thaís Bologna (SP, 2009); 'O primeiro João', de André Castelão (RJ, 2006), e 'Vai pro gol', de Felipe D’Andrea (SP, 2012).

18h30 – Mesa-redonda com debate sobre o Cruzeiro Esporte Clube.

» Cine Humberto Mauro
Av. Afonso Pena, 1.537, Centro

13h – Sessão Hora do Intervalo: 'Porque há coisas que nunca são esquecidas', de Lucas Figueiroa (Espanha, 2008); 'Partida internacional', de Nadine e Swen Schrader (Alemanha, 2008); 'Mauro shampoo – Jogador, cabeleireiro e homem', de Leonardo Cunha Lima e  Paulo Henrique Fontenelle (RJ, 2005).

20h – Sessão Cinefoot Especial: 'Tostão, a fera de ouro', de Paulo Laender e Ricardo Gomes Leite (MG e RJ, 1970). Para acomodar todo o público, haverá exibição simultânea do filme no Teatro João Ceschiatti, também do Palácio das Artes.

Euler Junior/EM/ D. A Press
(foto: Euler Junior/EM/ D. A Press )
Depoimento

"Esse documentário foi feito durante as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970. Foi meu melhor momento na Seleção Brasileira. Entre tantas grandes lembranças prazerosas que tenho, uma delas é ter sido protagonista desse documentário. Restaurado, ficou melhor ainda. Tenho muito orgulho e alegria em revê-lo." - Tostão, jogador e colunista

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