Cinema

Derek Cianfrance aposta em dramas familiares e profissionais em novo filme

'O lugar onde tudo termina' tem Ryan Gosling como um aventureiro que assume a responsabilidade de criar um filho recém-descoberto

Correio Braziliense

Na trama, Luke (Gosling) é um aventureiro saído de um número de globo da morte circense
Sem a carga pretensiosa do dinamarquês Nicolas Widing Refn (Drive), o cineasta do circuito alternativo Derek Cianfrance sabe como tirar proveito de um fervoroso astro da nova Hollywood: Ryan Gosling. Valendo-se de um tipo de filme épico moderado %u2014 que poderia ser assinado por Martin Scorsese %u2014, Cianfrance mais uma vez surpreende. Se com 'Namorados para sempre' foi saudado com exagerado comparativo (seria um Ingmar Bergman modernoso, para alguns), agora, alcança a proeza de, com coerência, fazer uma violenta rusga familiar atravessar gerações e, mesmo investindo na força do acaso, convencer. Na trama, Luke (Gosling, ator de primeira) é aventureiro que, saído de um número de globo da morte circense, opta pela contramão: tão logo descobre haver tido um filho, crava para si o ônus da responsabilidade. Ele tira a namorada Romina (Eva Mendes) do sério, intervindo, com extrema perseverança, no dia a dia dela. Para impressioná-la com posses materiais, recorre a roubos, filmados em ritmo de tirar o fôlego. Para além da tensão regular, o cineasta aposta em camadas intensas de dramas familiares e profissionais. A condição limitada de Luke vai definir o encontro dele com o policial Avery (Bradley Cooper). Administrando jornadas éticas, frustrações emocionais e cenas, com naturalidade, poéticas, Cianfrance legitima uma assinatura que, ao menos por enquanto, parece marcante.