Violência no México choca o público no Festival de Cannes.

'Heli', dirigido pelo catalão Amat Escalante, expõe a realidade de famílias obrigadas a conviver com o narcotráfico

17/05/2013 08:03

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Yves Herman/Reuters
O cineasta Amat Escalante (C) com os atores Armando Espitia e Andrea Vergara, protagonistas do longa 'Heli' (foto: Yves Herman/Reuters)
Um soco no estômago. Assim é 'Heli', o filme do diretor catalão Amat Escalante exibido nesta quinta-feira no Festival de Cannes, depois da abertura repleta de glamour e de estrelas. Violência, corrupção, cenas explícitas de tortura e o narcotráfico no México chocaram parte da plateia durante a sessão para a imprensa. Alguns jornalistas deixaram a sala.

“Não serve para nada deixar de mostrar a violência para que o público fique confortável e não sofra muito enquanto ela continua existindo na vida”, afirmou Amat Escalante, de 34 anos, um dos candidatos à Palma de Ouro.

Heli é o apelido do protagonista (Armando Espitia), rapaz de família humilde de trabalhadores de uma oficina de automóveis da região de Guanajuato, que se vê arrastada na espiral de violência gerada pelo tráfico de drogas e a polícia corrupta.

“Meu filme é dramático, extremo. A realidade do México é ainda pior do que a mostrada. Aquele país maravilhoso padece de um vírus que invadiu certas regiões mexicanas. Foi isso que tentei expor”, explicou o cineasta catalão.

A avalanche de violência se abate sobre o jovem Heli depois que o namorado policial de sua irmã mais nova, de apenas 12 anos (Andrea Vergara), envolve-se com traficantes. “É doloroso, deprimente e triste. Do ponto de vista moral, nossa responsabilidade consiste em mostrar a violência como ela é, triste e suja”, defendeu-se o diretor.

Embora alguns repórteres tenham deixado a sala de exibição, o filme de Escalante contou com recepção favorável em Cannes, apesar de provocar discussão sobre até onde se pode explorar a violência na telona. Em 'Heli', a realidade é mostrada sem enfeites ou sentimentalismos. E justamente essa sobriedade narrativa ajuda o longa. “Mostrar a violência pela violência não me interessa”, enfatizou o catalão.

De acordo com o diretor, sua proposta é oferecer ao público uma espécie de fio condutor que permita colocar a violência em seu contexto. “E ver como esse contexto influencia os jovens”, acrescentou ele.

Rodado em sistema digital, o longa reúne elenco praticamente amador. O diretor entrevistou quase 3 mil pessoas antes de escolher seus atores. Mais que a guerra do narcotráfico, 'Heli' mostra como os mexicanos são vítimas da criminalidade. Há pouco espaço para a esperança – apenas o sexo e os filhos são percebidos como “fuga” para um futuro incerto.

“De alguma forma, o sexo é a última esperança”, resumiu Amat Escalante.


Anne-Christine Poujoulat/AFP
(foto: Anne-Christine Poujoulat/AFP)
A gangue dos consumistas


A cineasta americana Sofia Coppola (foto) atraiu holofotes e verdadeira multidão à sessão de estreia de 'The bling ring: A gangue de Hollywood', em Cannes. Em julho, o filme será exibido no Brasil. O longa conta a história de turma de adolescentes que invadiu mansões de famosos de Hollywood para roubar joias, bolsas Prada, óculos Dior e sapatos Louboutin. Na vida real, a gangue deu prejuízo de US$ 3 milhões a um time de celebridades, como a socialite Paris Hilton, o ator Orlando Bloom e a atriz Lindsay Lohan. Destaca-se no elenco Emma Watson, a Hermione da série Harry Potter.

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