'Em transe' coloca ladrões de obras de arte em investigação psicológica

Vincent Cassel comanda quadrilha de ladrões no filme de Danny Boyle

por Walter Sebastião 03/05/2013 10:30

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Fox/divulgação
"Não quero fazer filmes pomposos, sérios. Gosto de filmes que tenham vivacidade" - Danny Boyle, diretor (foto: Fox/divulgação)
A primeira cena de 'Em transe', filme de Danny Boyle, é um minidocumentário sobre roubos de obras de arte. Explica-se que meios tecnológicos trouxeram novos e mais eficientes procedimentos de segurança. Mas o irônico narrador observa: nenhum aparelho é capaz de impedir a ousadia e a força bruta. O longa começa, mesmo, com o roubo de uma valiosa pintura do espanhol Goya. Os bandidos destroem “na pancada” todos os sofisticados equipamentos de proteção. Levam a obra depois de derrubar Simon (James McAvoy), funcionário da galeria, com um golpe na cabeça.

 

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Quando os ladrões abrem a maleta, descobrem que a tela desapareceu. À medida que o filme evolui, confirma-se a suspeita insinuada pela situação inicial: o envolvimento de Simon no crime. Só que o golpe na cabeça fez com que ele esquecesse o local onde o quadro está escondido. Franck (Vicent Cassel), o chefe da quadrilha, tenta resolver o problema valendo-se da terapeuta Elizabeth (Rosário Dawson), que trabalha com hipnose. A partir desse momento, saboreia-se um filme de investigação que se transforma em imersão na mente humana levando a temas como desejo, sexo, posse, arte, mentira e poder.


O que está na tela é um jogo, mantido até a última cena sem que se saiba quem está dizendo a verdade. Impressiona a forma como o filme vai dando densidade a temas onipresentes em fitas do gênero (especialmente o noir, evocado e repaginado de forma convincente, mas não só ele). A trama algo “arquetípica” de cinema – com seus roubos espetaculares – torna-se elaborada observação do ser humano. Plasticamente impecável, 'Em transe' exibe visualidade construída por meio de celulares, tablets, câmaras de vigilância, reflexos em vidros, fotos e imagens distorcidas. Não se trata de mero efeito. Tal visualidade dá nuances às situações.


Certos momentos são quase “experimentos” formais, como as situações criadas apenas manuseando texto e imagem, um prodígio como concepção dramatúrgica. Exemplo da sofisticação e do bom cinema de Danny Boyle é a presença de algo que o cinema traz em quantidade, mas não em qualidade artística: o nu feminino. Com direito a breve e sensual digressão, a partir da história da arte, sobre a presença e a ausência de pêlos pubianos nas imagens.


A única dissonância é a trilha. Parte considerável do filme envereda por estética musical melosa, que induz à atmosfera de melodrama e desconcentra o espectador. Apesar disso, 'Em transe' é aula ministrada por um mestre do cinema.

O DIRETOR
O inglês Danny Boyle, de 56 anos, ficou conhecido pelos filmes 'Quem quer ser um milionário?' (2008), que lhe rendeu o Oscar de melhor diretor, e 'Trainspotting – sem limites' (1996). Foi ele quem assinou a direção artística dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.

 

Assista ao trailer de 'Em transe':

 

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