Webséries 'Heróis' e 'ApocalipZe', do diretor mineiro Guto Aeraphe, levam seis prêmios em festival em LA

Produções mineiras foram exibidas no LA Web Series Festival 2013, um dos principais festivais do gênero

04/04/2013 14:57

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Divulgação / Heróis / Guto Aeraphe
(foto: Divulgação / Heróis / Guto Aeraphe)
As webséries 'Heróis' e 'ApocalipZe', do diretor mineiro Guto Aeraphe, foram premiadas no último fim de semana no LA Web Series Festival 2013, em Los Angeles, nos Estados unidos. O festival reuniu mais de 300 produções de várias partes do mundo, em três dias de evento.

 

'Heróis' levou os prêmios de Direção de Fotografia, Edição, Montagem de Som e Produção, dentro da categoria “Drama/Ação”. Já 'ApocalipZe', foi agraciado na categoria “Ficção Científica, Fantasia e Terror”, com estatuetas de Direção e Montagem de Som. “É um reconhecimento muito gratificante já que ainda estamos no começo desta história aqui no Brasil. Agora é trabalhar forte, olhar para frente e preparar os próximos trabalhos, já que depois de um prêmio a responsabilidade aumenta, não dá para cair na qualidade”, afirma animado o diretor.


Além dos prêmios, o diretor recebeu mais um boa notícia de Los Angeles. A websérie 'ApocalipZe' foi pré-selecionada para participar do Festival de Webséries de Marseille, na França, em outubro. O mesmo feito foi conseguido por Guto com 'Heróis', no ano passado. “Uma das características dos festivais que acontecem fora do país, é que eles não são somente espaço para exibições e formação de publico como acontece aqui no Brasil. Lá eles abrem espaço para os negócios. Não é raro encontrar pelos corredores executivos de grandes estúdios e TVs procurando por novidades. Foi assim com 'Heróis'”, conta Guto.


Para quem não se lembra, a websérie 'Heróis' foi divulgada por meio de um projeto que uniu o trabalho do diretor com o grupo Diários Associados. Os capítulos da série foram divulgados em cinco partes no Portal Uai e, durante esse período, várias matérias sobre o tema foram veiculadas no Estado de Minas, Jornal da Alterosa, e no próprio portal. Relembre aqui o Especial Heróis da Feb.


Divulgação / ApocalipZe / Guto Aeraphe
(foto: Divulgação / ApocalipZe / Guto Aeraphe)
Confira abaixo entrevista completa com o diretor Guto Aeraphe, em que ele fala sobre os prêmios, webséries no Brasil e próximos projetos:


1- Vocês trouxeram seis prêmios de Los Angeles, de um festival que aponta o que há de melhor sendo produzido no gênero de websérie no mundo. Qual a importância desses prêmios e de participar de um festival como o LA Web Series Festival?

É um reconhecimento muito gratificante já que ainda estamos no começo desta história aqui no Brasil. Quando comecei em 2011 a trabalhar com webséries, foi uma mudança radical na minha vida, pois eu deixei o mercado publicitário para me dedicar exclusivamente ao tema. E deu certo! Receber prêmios no mais importante festival do gênero e na “Meca” do cinema mundial fez valer a pena todos os sacrifícios! Agora é trabalhar forte, olhar para frente e preparar os próximos trabalhos, já que depois de um prêmio a responsabilidade aumenta, não dá para cair na qualidade.


2- No festival foram exibidos mais de 300 trabalhos do gênero. No entanto, no Brasil a produção desse tipo de filme ainda é tímida. Você acredita que esse reconhecimento pode abrir portas para outros projetos parecidos?


Sem dúvida alguma. Desde 2009 há produções pontuais em diversos estados do país. Agora que o tema está em pauta devido a diversos fatores como a chegada do 4G, os investimentos do Governo Federal na popularização da banda larga e o aparecimento de tablets e tvs conectadas cada vez mais baratos, acredito que nós realizadores de webséries teremos mais reconhecimentos.


Talvez a maior prova disso seja o canal de humor “Porta dos Fundos” que recebeu no ano passado o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte como o melhor programa de humor de televisão sem nunca ter sido exibido por um canal tradicional.


3- Como foi a recepção tanto de 'Heróis' quanto de 'ApocalipZe' no festival?

Infelizmente não tive a oportunidade de ir ao festival. Mas recebi um e-mail do Jean Michel Albert, presidente do Festival de Marseille. Dizendo que ele estava no dia da exibição das webséries e que as salas estavam lotadas e que o público vibrou bastante, principalmente com “Heróis”. O que para mim foi uma grata surpresa já que o filme sala sobre a segunda guerra e este é um tema que o cinema americano domina e muito bem!


4- Além dos prêmios, o filme ApocalipZe ainda foi pré-selecionado para participar do Festival de Webséries de Marseille, na França. Você já levou o 'Heróis' a este festival. Quais as expectativas para mais essa exibição?


Uma das características dos festivais que acontecem fora do país, é que eles não são somente espaço para exibições e formação de publico como acontece aqui no Brasil. Lá eles abrem espaço para os negócios. Não é raro encontrar pelos corredores executivos de grandes estúdios e TVs procurando por novidades. Foi assim com 'Heróis'. Nos dois dias que fiquei por lá, recebi algumas propostas e acabei fechando com a TV estatal francesa que na época estava lançando um portal exclusivo para conteúdos para internet. Acredito que com 'ApocalipZe' não será diferente. Já temos ele negociado com o Sunday TV do portal Terra, com o canal britânico BBC-HB e já recebi sondagens do Netflix. Vou chegar lá com mais experiência e poder de negociação.


5- Qual a principal diferença entre o Brasil e o exterior em relação à recepção e consumo de webséries atualmente?


Temos um grande público consumidor aqui no Brasil. Em recente pesquisa realizada pela ComScore, somos o 7º mercado consumidor de vídeos do mundo! Recentemente aconteceu um caso interessante que serve como exemplo da força deste novo mercado. A Warner cancelou uma série chamada 'Veronica Mars' alegando que não havia audiência suficiente para mantê-la no ar. Nada mais justo. Mas o que aconteceu foi que em algumas semanas após o anúncio do cancelamento os internautas se mobilizaram junto com alguns produtores da série e fizeram um projeto de crowndfunding que arrecadou mais de 3 milhões de dólares em poucos dias para que fosse feito um filme, fazendo com que a série continuasse de alguma forma. Então chegamos em um ponto interessante... Se a série foi cancelada por falta de audiência, porque esta mobilização gigantesca? Na verdade a audiência havia apenas migrado de meio.


E este movimento migratório da audiência já está acontecendo aqui no Brasil. A diferença é que lá fora os estúdios já perceberam esta mudança e estão investindo alto nisso porque viram uma grande concorrência de produtores independentes que conseguem criar webséries com qualidade tão boa quanto a custos bem menores e que roubam o público a todo momento através de seus tablets e smartphones. Acredito que é uma questão de tempo isso acontecer aqui no Brasil.

6- Heróis foi divulgado no país com ajuda do Estado de Minas, com uma página também no Portal Uai. Como foi a recepção do público por aqui?


Foi a decisão mais acertada da minha vida! Heróis foi concebido para ser um médiametragem. Infelizmente eu descobri que este formato não era comercialmente interessante. Como websérie o filme fez uma excelente carreira que nunca faria se seguisse os tramites normais do cinema tradicional. Junto com o Grupo Diários Associados consegui fechar um tipo de “estratégia transmídia” que garantiu o sucesso do filme.


Tínhamos dois grandes desafios na época. O primeiro era de divulgar um filme brasileiro feito em Minas Gerias e sem nenhum ator que tivesse grande exposição em nível nacional. O segundo era apresentar para o público um tema que tradicionalmente é 100% ligado ao cinema norte americano e que tem incríveis obras como referência.

Para divulgar, fizemos o seguinte. Toda terça-feira lançávamos um episódio pelo portal Uai. Lá continha, além dos episódios, informações extras como fotos, making of e principalmente um belo infográfico que mostrava toda a trajetória da Força Expedicionária Brasileira na Itália, com fotos e vídeos da época. Desta forma, conseguíamos abrir os olhos e a atenção dos internautas para a websérie. No domingo que antecedia a exibição, saía uma matéria especial no caderno de cultura do Jornal Estado de Minas. Nestas matérias focávamos mais na história real, como objetivo de informar e educar o público que o Brasil, apesar do pequeno contingente enviado para o front italiano, havia sim feito grandes batalhas durante o período da segunda Guerra. Na segunda-feira, durante o Jornal da Alterosa, na televisão, programa líder de audiência no horário, fazíamos matérias com os ex-combatentes de várias partes do estado. Nestes vídeos eles contavam de forma bem emocionante suas experiências durante o conflito na Itália. Assim apelávamos no bom sentido para o lado emocional do público. Em meio a isso tudo, exibíamos comerciais na TV chamando para o site da websérie no Portal Uai, que funcionava como reforço para o público não esquecer onde e quando os episódios estariam no ar. O resultado... Milhares de acessos em poucas semanas e um retorno de audiência que superou até os mais otimistas!

7- Você tuitou que já está preparando o roteiro de mais uma série. Tem como adiantar alguma coisa para nós?

Posso adiantar que estou trabalhando com três temas bem interessantes. O primeiro é um suspense policial chamado 'Nascido Morto', com roteiro do paulista Alex Molleta, o segundo é sobre a participação do exército brasileiro no processo de pacificação no Haiti; o terceiro, ainda em fase de pesquisa, terá como tema o os bastidores do Mensalão e deve se chamar 'Supremo'.


Assista abaixo os capítulos da websérie 'Heróis' (para assistir as partes 2, 3, 4 e 5 clique no link):


CAPÍTULO 1




CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 4

CAPÍTULO 5

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