Vice-presidente sênior do Departamento de Operações Técnicas da empresa Universal, Michael Daruty é o homem por trás da restauração de clássicos como 'Tubarão' e 'A lista de Schindler', ambos de Steven Spielberg. 'Schindler' começa a chegar às lojas nesta segunda-feira, 1º. A versão Blu-Ray do clássico de Spielberg ressurge como você nunca viu antes. A restauração não visava melhorar o que já estava nos trinques - a simetria audiovisual -, mas corrigir uma limitação da técnica do ano de 1993.
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'A lista de Schindler' e 'Tubarão' são dois dos 13 filmes cujo processo de restauração Michael Daruty comandou, como parte da comemoração do centenário do estúdio. "Fizemos uma seleção dos 100 filmes que melhor representariam o espírito da Universal", contou ele na entrevista. "Deles, selecionamos 13 para restauração." 'Sem novidade no front', 'Os pássaros', 'Drácula' e 'Frankenstein' (as versões de 1931), 'A noiva de Frankenstein', 'Confidências à meia-noite', 'Golpe de mestre' e 'O sol é para todos' são outros títulos clássicos que integram a lista. Mas justamente 'Schindler' ocupa um espaço decisivo naquilo que Daruty chama de 'legado do estúdio'.
"O cinema já se havia ocupado do Holocausto, mas nunca da forma como Steven abordou o assunto, centrando todo o drama em três personagens que são inesquecíveis, e mais ainda pelos atores que os interpretam. Liam Neeson como Oskar Schindler, o empresário que vai salvar judeus, Ben Kingsley como seu contador e consciência, ainda mais que ele também é judeu, e Ralph Fiennes como o odioso comandante nazista. O que há de mais impressionante neste último é que, por detestável que seja, é também sedutor. Ninguém desgruda o olho de Ralph, quando está em cena."
Uma história de segunda chance, de redenção, de volta para casa, todos temas caros a Spielberg. Um filme humanista, denso, que o espectador carrega pela vida. "Esse é o legado do estúdio, que "Schindler' engloba e sintetiza. Fizemos (na Universal) grandes filmes de entretenimento, mas aqui a humanidade e, portanto, a consciência histórica e política falam mais forte".
A restauração de cada título durou de três a seis meses, a um custo que variou de US$ 250 mil a US$ 500 mil. 'Schindler' usou menos que os seis meses e o topo do custo. Como disse Daruty. "Não pensamos apenas em rentabilidade, ou no mercado, mesmo que o restauro seja com vistas ao lançamento das versões em Blu-Ray. O importante é como cada um desses filmes, e Schindler em particular, contam a história da Universal e da riqueza do estúdio em seus mais de 100 anos de existência."
O próprio Spielberg, ao contrário do que ocorreu com 'Tubarão', participou da restauração digital de sua obra-prima, e só isso dá a medida da importância que ele também atribui a 'A lista de Schindler'. O filme foi escaneado para 6K, e depois rebaixado para 4K. O número reflete a resolução horizontal da imagem e isso quer dizer que o novo 'Schindler' tem quatro vezes mais informação acumulada na imagem do que a melhor resolução média nas TVs digitais da atualidade.
E Daruty ainda destaca os extras. "Temos um documentário com sobreviventes que torna o lançamento ainda mais forte." E ele arremata que, se o centenário da Universal foi no ano passado, 'Schindler' ficou para este ano para comemorar o aniversário do próprio filme.