Cinema

'Dezesseis luas' é apenas mais uma história de amor adolescente, mas é honesta com o que se propõe

O encantamento da primeira paixão e as inseguranças da juventude são alguns dos temas tratados no filme

Carolina Braga

Não tenha dúvidas, a saga de Ethan Wate (Alden Ehrenreich) e Lena Duchannes (Alice Englert) está apenas começando
Pode ser que seja uma necessidade da indústria do cinema. Ou até mesmo uma resposta dessa poderosa máquina ao simples desejo de entretenimento de um público específico: as adolescentes. Também pode ser uma despretensiosa diversão com pitada de magia e lirismo. Qual o problema? Sintoma ou não da superficialidade dos dias de hoje, 'Dezesseis luas' estreia no mundo inteiro com plena vocação para ocupar o vácuo deixado pela saga 'Crepúsculo'. Não é preciso muito para confirmar a tese que anda circulando pela internet. 

Se fosse possível criar um manual com o passo a passo de como fazer um sucesso romântico teen, poderíamos dizer que a empreitada do diretor Richard LaGravenese (que tem no currículo exemplares do gênero água com açúcar tipo 'P.S: Eu te amo') segue a fórmula de ouro à risca. Nesse sentido, falta originalidade. Mas, 'Dezesseis luas' não parece pretender ser mais que isso. É exatamente esse o seu trunfo. 

Num lugarejo sombrio nos Estados Unidos, o belo Ethan Wate (Alden Ehrenreich) é surpreendido pela chegada da jovem e misteriosa Lena Duchannes (Alice Englert). A paixão a primeira vista evolui para um quadro envolvendo mortais e imortais, amor impossível, luta, morte, enfim, aquelas coisas que costumam incrementar as tramas do gênero. 

No caso, é ela quem tem o destino marcado por fenômenos estranhos. Lena é uma conjugadora, uma espécie de bruxa cujos poderes sobrenaturais podem transformá-la em uma figura do bem ou do mal assim que completar 16 anos. A 104 dias do aniversário, porém, a menina é arrebatada por Ethan e precisa lutar contra uma maldição secular. 

Mesmo que a trama básica seja recheada de clichês, 'Dezesseis luas' é honesto com o que se propõe. É só uma história de amor adolescente. Ponto. A narrativa é construída de modo a atrair o espectador tacitamente para aquele universo. À medida que você aceita o acordo com a fantasia, fica bem mais fácil acreditar – e o mais importante, não julgar – o que vê na tela. 

'Dezesseis luas' é, de certa forma, até contido nas criações visuais. Os efeitos são usados sem exageros, já que, por incrível que pareça, eles não são a cereja do bolo. O encantamento do primeiro amor, as dificuldades de bancar uma relação praticamente impossível, as inseguranças da juventude estão em primeiro plano. Não espere discursos consistentes sobre amor, vida, etc. Lembre-se, a proposta é clara. 'Dezesseis luas' é um filme pipoca.

A isso, soma-se o fato de Richard LaGravenese ter tido a sabedoria de convocar tanto figuras tarimbadas como estreantes para o elenco. A experiência de uma Viola Davis ou uma Emma Thompson, por exemplo, ajudam a balancear a estrada curta de Alden Ehrenreich e Alice Englert. E, para quem gosta das franquias do gênero, um aviso: a saga de Ethan e Lena parece estar só começando.
 
Assista o trailer: