Em abril estreia o primeiro longa-metragem de aventura brasileiro rodado em 3D

O cineasta Paulo Fontenelle quer disputar espaço com produtores estrangeiros que dominam o mercado

por Mariana Peixoto 06/02/2013 09:28

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(Davi Almeida/divulgação)
O cineasta Paulo Fontenelle, no set de filmagem, com os atores Leandro Hassum e Bárbara Paz (foto: (Davi Almeida/divulgação))
Pai divorciado e ausente, manobrista de estacionamento resolve preparar um dia inesquecível para o filho. Pega o carro da cliente para sair com o garoto, mas se envolve numa série de confusões e tem que arrumar um jeito de devolver o veículo inteiro, sem que a dona saiba o que ocorreu. Essa era a ideia do diretor Paulo Fontenelle para o roteiro de um longa-metragem que misturasse aventura e ação, até o projeto sofrer mudança radical. Em vez de filme 2D, como tantos outros, a história seria filmada em 3D. Dessa maneira, 'Se puder... dirija!', com estreia prevista para 5 de abril, tornou-se o primeiro longa nacional em live action do gênero.

“Como a tecnologia está cada vez mais acessível, a gente viu que falta ao cinema brasileiro ocupar esse espaço no mercado, hoje monopolizado pelos estrangeiros”, afirma Fontenelle. Produzido pela Total Filmes (de 'Assalto ao Banco Central', 'Avassaladoras' e 'Divã') e distribuído pela Disney/Buena Vista, o filme traz no elenco Luís Fernando Guimarães, Leandro Hassum e Bárbara Paz.

Outra decisão da produtora foi filmar em 3D com equipe brasileira, experiência quase inédita até então. O primeiro longa do país nesse formato estreou há dois anos: 'Brasil animado' (2011), de Mariana Caltabiano. Mas, como o próprio título indica, trata-se de animação. 'Se puder... dirija!' será o único brasileiro em 3D a chegar aos cinemas em 2013. Para 2014 estão previstas as animações 'Tarsilinha' e 'Peixonauta'.

Fontenelle, que dirige sua segunda ficção – a anterior é o thriller Intruso (2009) –, teve que passar por um processo de aprendizado para trabalhar com as três dimensões. “Para entender a matemática”, explica. Como a tecnologia ainda engatinha no país, a equipe técnica contou com dois nomes experientes: o estenógrafo (que regula o 3D) Pedro Guimarães (brasileiro radicado nos EUA, que traz no currículo Part of me, filme em 3D da cantora Katy Perry), que acabou assumindo a direção de fotografia; e o norte-americano Bobby Settlemire (a série 'Piratas do Caribe' é um dos trabalhos em que esteve envolvido). Ele é foquista, profissional responsável pelos focos, pois para filmar em 3D são necessárias duas câmera.

“O filme foi pensado, planejado e filmado em 3D. Reescrevi o roteiro para que a história tivesse elementos que justificassem o emprego dessa tecnologia”, explica Fontenelle. Como boa parte da narrativa se passa dentro de um carro, a ideia era fazer o espectador se sentir como passageiro. Piadas que só fazem sentido em 3D foram outro artifício. “Em certo momento, um jato d’água ‘molha’ o espectador justamente depois de o personagem do Leandro Hassum fazer piada sobre isso”, revela.

Filmar em três dimensões demanda uma série de precauções. “Não se pode jogar tudo para fora da tela. Quando as pessoas saem do cinema com dor de cabeça, é porque o 3D foi mal usado. Ele mexe com a distância interocular, então você deve ser cuidadoso com o espectador, pois não pode ter um elemento pipocando para fora da tela o tempo todo. As imagens têm que ser vistas de forma equilibrada”, explica o cineasta.

Como foi a primeira experiência do diretor nesse formato, 'Se puder... dirija!' teve suas especificidades. “O fato de filmar com duas câmeras, que devem ser medidas o tempo todo, faz com que o processo demore mais. Além disso, tivemos que nos lembrar sempre de que o filme precisaria funcionar em 2D também. Ou seja, independentemente de qualquer coisa, o foco é sempre a história”, conclui Fontenelle.

Divulgação
(foto: Divulgação)
No circuito de arte


Animações, aventuras e filmes de ação voltados para o grande circuito são o território mais explorado pelo 3D. Porém, aos poucos, o formato vem chegando ao chamado circuito de arte. No ano passado, Win Wenders recebeu indicação ao Oscar de melhor documentário por 'Pina', tributo à coreógrafa alemã Pina Bausch, morta poucos dias antes do início das filmagens.

Agora, o circuito brasileiro assiste a outro documentário em 3D, também de um nome emblemático do cinema alemão. Em 25 de janeiro, estreou em São Paulo 'A caverna dos sonhos perdidos', de Werner Herzog. O título se refere à caverna de Chauvet, no Sul da França, onde estão as mais antigas criações pictóricas da humanidade. A relíquia arqueológica, descoberta somente em 1994, revela pinturas rupestres que têm em média 32 mil anos.

A primeira imersão de Herzog em 3D deve chegar a Belo Horizonte no dia 15, mas a sala ainda não foi definida. O filme terá exibição somente em 3D.

No Brasil

A primeira sala 3D brasileira foi inaugurada em dezembro de 2006, em São Paulo. Em 2007, apenas dois longas nesse formato chegaram aos cinemas do país: a animação 'A família do futuro' e a fantasia 'A lenda de Beowulf'.

O aumento do número de salas acompanhou o de produções do gênero. Lançado em dezembro de 2009, 'Avatar', o grande divisor de águas de formato, anunciou a mudança do mercado. Se até então os filmes em 3D eram, em sua maioria, animações (sete das 11 estreias daquele ano), a partir da megaprodução de James Cameron outros gêneros se aventuraram no universo tridimensional.

Este ano, estão previstos 43 lançamentos em 3D no país (0,82 filme por semana), entre eles 14 animações. Há ainda quatro relançamentos: 'Monstros S.A.' (2002), 'Jurassic Park' (1993), 'Star wars: episódio 2 – Ataque dos clones' (2002) e 'Star wars: episódio 2 – A vingança dos Sith' (2005).

Como o investimento para longas-metragens em 3D é maior que em 2D, os lançamentos são continuações de grandes sucessos de bilheteria ou fazem parte de franquias. Entre os 13 desse gênero estão 'G.I. Joe 2: retaliação', 'Homem de Ferro 3', 'Meu malvado favorito 2', 'Universidade Monstros' e 'The Wolverine'.

3D no Brasil

606
salas no país

33
salas em BH

43
estreias este ano

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