João Miguel mostra um talento arretado

Workaholic baiano se destaca na TV depois de ganhar fãs e respeito por seus papéis no cinema

por Ana Clara Brant 03/02/2013 11:13

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Paulo Araújo/CB/D.A Press
"Não me considero um dos maiores atores do país. Faço parte de um conjunto de pessoas talentosas" (foto: Paulo Araújo/CB/D.A Press )
Uma certa overdose – no bom sentido – de João Miguel tomou conta da telinha nos últimos tempos. O ator baiano, de 42 anos, pôde ser visto recentemente na TV em 'Xingu' (no papel de Cláudio Villas Boas), 'O canto da Sereia' (Só Love) e 'Gonzaga – De pai pra filho' (Miguelzinho). Agora, ele está gravando sua próxima incursão televisiva: a minissérie policial A teia, cuja exibição a Rede Globo anuncia para abril.

“Sempre estive muito ligado ao cinema, mas essa passagem para a televisão é bem coerente com o meu trabalho. Além de os filmes 'Gonzaga' e 'Xingu' ganharem formato para a TV, a série 'O canto da Sereia' tinha linguagem bem cinematográfica. Foi uma coincidência feliz tudo ir ao ar em dias tão próximos. Espero que tenha sido, sim, uma overdose boa”, brinca o ator.

Bastante empolgado com o novo trabalho, dirigido por Rogério Gomes e com roteiro de Bráulio Mantovani e Carolina Kotscho, João vai interpretar seu primeiro protagonista na telinha: o policial federal Jorge Macedo. Ele é inspirado no delegado Antônio Celso, que desvendou crimes famosos no Brasil. O ator conta que seu personagem é um homem incorruptível. “Ele é um caçador, um herói, mas sem aquela coisa norte-americana. Isso é o mais legal. Vem sendo muito interessante mergulhar nesse universo, pois você acaba percebendo todos os métodos de corrupção, os meandros do mundo da lei. É bem bacana. Protagonizar uma minissérie é carimbar o trabalho”, comenta João.

Com apenas uma novela no currículo, 'Cordel encantado' (2011), em que interpretava o cangaceiro Belarmino, João Miguel diz que essa experiência foi especial. Depois de rodar mais de 20 filmes em 10 anos, o ator tinha a curiosidade de experimentar teledramaturgia mais longa por meio de um personagem que se comunicasse com o público. “Belarmino me proporcionou algo fantástico: ele foi existindo cada vez mais na trama, numa dramaturgia aberta. Nunca tinha vivido isso, gostei demais”, ressalta.

O ator admite: se surgir outro convite assim e o papel “bater”, não terá como recusá-lo. “O que me interessa são os personagens; eles é que importam. Sempre procuro fazer alguém que me surpreenda e me permita viver uma experiência diferente. Quero me apaixonar por ele ao longo do trabalho”, resume.

Cinema

Desde seu primeiro papel de destaque na telona – o Ranulpho de 'Cinemas, aspirinas e urubus' (2005) –, o ator, curiosamente, pensou em desistir. Pelo fato de ser altamente concentrado, João passou a sonhar que estava filmando, revirava-se na cama e imaginou que não daria conta da missão. “Até falei com o diretor Marcelo Gomes que não queria mais fazer aquilo, que cinema não era para mim. Mas foi só ouvir o barulhinho da câmera para tudo passar. Estou aí até hoje”, lembra João Miguel. Ranulpho, aliás, rendeu-lhe os prêmios de melhor ator no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2005.

Tamanha dedicação e, claro, talento trouxeram premiações e reconhecimento ao baiano. Um dos elogios que mais o emocionaram veio de Walmor Chagas, recém-falecido, que o considerou o melhor ator de sua geração. Os dois não se conheceram pessoalmente. Embora o baiano seja admirador do colega veterano, ele nega o título.

“Não me considero um dos maiores atores do país. Faço parte de um conjunto de pessoas talentosas. Tem muita gente boa surgindo e outras vindo por aí. Ouvir essa declaração do Walmor é uma responsabilidade e uma honra. Não dá para a gente passar despercebido pela experiência de Walmor Chagas na Terra, tanto no âmbito artístico quanto no humano”, analisa.
Downtown Filmes/Divulgação
Como Alecrim, em 'Estômago' (foto: Downtown Filmes/Divulgação)

Além de 'A teia', João Miguel tem outros planos para este ano. Quer voltar aos palcos e deve encenar um espetáculo ao lado de Domingos Montagner, dirigido por Emílio de Melo. Escrever é outra de suas paixões. Ele planeja um roteiro para cinema e criar revista eletrônica que traga textos, anotações de filmes e informações sobre personagens.

“Sempre me enxerguei ator. Fazia teatro desde criança e mexia com circo, mas gosto muito de escrever. Escrevo muita coisa para mim. Tenho pensando em lançar a revista porque poderia me comunicar com as pessoas também por essa via. Quero me aprofundar em várias coisas. Sinto necessidade disso”, conclui.

CURRÍCULO

• No cinema

2013 – Éden
2012 – Gonzaga – De pai pra filho
2012 – Verônica
2012 – À beira do caminho
2012 – Xingu
2012 – Bonitinha, mas ordinária
2010 – A suprema felicidade
2011 – A hora e a vez de Augusto Matraga
2011 – Ex Isto
2010 – Jardim das folhas sagradas
2009 – Hotel Atlântico
2008 – Se nada mais der certo
2007 – Estômago
2007 – Mutum
2007 – Deserto feliz
2006 – O céu de Suely
2005 – Eu me lembro
2005 – Cinema, aspirinas e urubus
2005 – Cidade Baixa
2004 – Esses moços

• Na TV

2013 – O canto da Sereia
2011 – Força-tarefa
2011 – Cordel encantado
2007/2008 – A grande família
2008 – Casos e acasos
2005 – Carandiru, outras histórias

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