'O lado bom da vida' pode ser o grande azarão do Oscar

Bradley Cooper e Jennifer Lawrence interpretam um casal que vive relação conturbada

por Mariana Peixoto 01/02/2013 07:20

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Paris Filmes/Divulgação
(foto: Paris Filmes/Divulgação)
Pat é um paciente que deixa o “lugar ruim”, como chama o hospital psiquiátrico em que esteve internado, e retorna para a casa dos pais para tentar se recuperar. A intenção dele é ficar bom logo, para voltar para sua mulher, Nikki. Ele busca ter apenas pensamentos positivos, pois sabe que era bastante negativo e que cometeu um grande erro no passado. Mas não tem consciência do que fez exatamente, o que motivou a internação. Tampouco tem conhecimento de quanto tempo passou internado. Acredita, na verdade, serem apenas alguns meses. Do passado, tem uma certeza: não pode ouvir uma determinada música que perde totalmente o controle.

É dessa maneira que o escritor Matthew Quick apresenta o protagonista do romance O lado bom da vida. O por que de Pat ter sido internado; o que ocorreu com sua mulher, Nikki; o que motiva o ódio da canção Songbird, de Kenny G. (no filme, ela é My cherie amour, de Stevie Wonder), todas essas questões serão respondidas na parte final da história. Na verdade, estão entrelaçadas e são definitivas para entender as motivações do personagem. Na adaptação cinematográfica, o diretor David O. Russell (do oscarizado O vencedor, 2010) responde a todas essas perguntas logo na primeira meia hora do filme.

Adaptar um romance para o cinema, obviamente, demanda uma série de cortes e modificações (e falar que um livro é superior ao filme é chover no molhado). O problema, aqui, é que Russell tira boa parte da graça da história de Matthew Quick (a editora Intrínseca lançou há pouco o livro no Brasil). Dessa maneira, o filme perde boa carga do drama (que no papel é sempre bem-humorado). O diretor ainda comete dois grandes pecados: cenas super cinematográficas do romance (um banho de mar com Pat e um bebê e a edição que ele faz da própria vida se inspirando no filme Rocky) foram simplesmente cortadas.

Na tela grande, a história de um professor de 30 e poucos anos, que volta a viver com os pais e tenta começar do zero atira para todos os lados. Na primeira parte, o filme se revela um tanto superficial (rapaz bipolar é ajudado pelos pais a se recuperar); no meio, há um quê de comédia rasgada um tanto inverossímel (um policial que teima em entrar na vida da família para levar o rapaz de volta para o manicômio; ou a loucura do pai pelo futebol americano, em cenas meio de pastelão); na última metade, é uma comédia romântica super previsível (ou alguém duvida que os personagens de Bradley Cooper e Jennifer Lawrence vão ficar juntos no fim?).

Com o perdão do trocadilho, se há algo de bom no longa-metragem são as interpretações. Bradley Cooper parece ter chegado àquele ponto da carreira em que se cansou de ser o bonitão da vez e pediu um papel profundo (ainda que continue lindo). Como Tiffany, a viúva amalucada que se envolve com Pat, Jennifer Lawrence consegue dosar maturidade e leveza. Robert DeNiro e Jackie Weaver nadam de braçada como os pais de Pat. Sem fazer rir, sem fazer chorar, O lado bom da vida fica apenas no meio do caminho. É pouco, ainda mais levando-se em consideração a quantidade de Oscars a que foi indicado: oito ao todo (filme, direção, edição, ator para Cooper, atriz para Lawrence, coadjuvante para DeNiro e Weaver e roteiro adaptado). Se ganhar algumas estatuetas, será o grande azarão da temporada.

Confira o trailer:

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