Nascido em Glasgow, na Escócia, mas criado em Minas Gerais, esse “mineiro” comemora com os pés no chão a presença do longa dirigido por Pablo Larraín na pré-seleção feita pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. A lista dos concorrentes à estatueta será divulgada amanhã, a partir das 11h30, com transmissão pelo canal E! diretamente de Los Angeles.
“Não tenho a menor expectativa de ganhar. A indicação já seria a maior vitória. Todo mundo que trabalha nessa indústria sabe: o prêmio vai para Amour (representante da Áustria) ou Intocáveis (representante da França)”, aposta Daniel.
Ele tem razão em se manter “descrente”. A relação de pré-selecionados conta com essas duas produções. O primeiro filme, dirigido por Michael Haneke, levou a Palma de Ouro em Cannes. Intocáveis se transformou em fenômeno de público do cinema francês. “Estou muito feliz pelo fato de No estar entre os nove”, completa. Outro candidato, O amante da rainha, do dinamarquês Nikolaj Arcel, ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim.
Com 34 anos recém-completados, Daniel Dreifuss morou em Minas Gerais até os 20. Desde 2002, vive em Los Angeles. No é o primeiro grande projeto capitaneado por ele. A trajetória internacional do produtor começou em maio do ano passado, durante o Festival de Cannes. Com Gael García Bernal na pele de um publicitário na luta pela redemocratização do Chile, o filme ganhou o prêmio principal da Quinzena dos Realizadores. Deixou a Riviera francesa com distribuição mundial garantida pela Sony Classics.
APOSTA
Ano passado, 71 longas estrangeiros foram enviados para a apreciação dos americanos. O Brasil indicou – sem sucesso – O palhaço, de Selton Mello, como sua aposta ao Oscar 2013. Daniel Dreifuss conta que o filme, que teve cenas rodadas em Minas, chamou a atenção em Los Angeles. Inclusive ganhou anúncios de página inteira em jornais de grande circulação. Entretanto, destaque na mídia não é suficiente para garantir lugar no cobiçado top 5 do Oscar.
A ausência do Brasil na disputa da estatueta desde Central do Brasil, em 2006, deve-se, na opinião do produtor, muito mais à falta de repercussão da produção nacional em festivais internacionais de porte do que a campanhas de marketing junto a integrantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, promotora do Oscar. “Filmes que participam de festivais vão acumulando visibilidade ao longo do ano. Isso ocorre muito antes da campanha do Oscar”, ressalta.
No, por exemplo, sequer estreou no circuito comercial norte-americano. O longa concorre à indicação ao prêmio mais famoso do mundo respaldado em sua boa campanha em Cannes e na performance registrada em países como Chile, México e Brasil. O longa só chegará às telonas norte-americanas em 11 de fevereiro, quase às vésperas da entrega do Oscar, marcada para 13 dias depois.
OS PRÉ-INDICADOS
Áustria – Amour, de Michael Haneke
Canadá – Rebelle, de Kim Nguyen
Chile – No, de Pablo Larraín
Dinamarca – O amante da rainha,
de Nikolaj Arcel
França – Intocáveis, de Olivier
Nakache e Eric Toledano
Islândia – The deep, de Baltasar Kormákur
Noruega – Kon-Tiki, de Joachim
Ronning e Espen Sandberg
Romênia – Dupa dealuri,
de Cristian Mungiu
Suíça – L’enfant d’en haut,
de Ursula Meier
Saiba mais
A VOTAÇÃO
Diferentemente das outras categorias do Oscar, quem escolhe os filmes estrangeiros candidatos ao prêmio tem duas alternativas para vê-los. A primeira são os festivais realizados ao longo do ano. A outra são as sessões especiais promovidas por estúdios e distribuidores. Nesse caso, integrantes da Academia têm de registrar presença.