Longa francês atrai cada vez mais gente para as sessões do Cine Belas Artes

E se vivêssemos todos juntos? tem abordagem delicada da terceira idade

por Ana Clara Brant 31/12/2012 09:46

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Imovision/Divulgacao
(foto: Imovision/Divulgacao)

Uma história que preza pela delicadeza e a simplicidade estreou há nove semanas no Cine Belas Artes, em Belo Horizonte e, desde então, tem conquistado plateia cativa e variada. O longa francês E se vivêssemos todos juntos?, do diretor e roteirista Stéphane Robelin, já levou quase 10 mil espectadores ao cinema na capital mineira e muito desse interesse se deve ao boca a boca e à repercussão nas redes sociais.

O diretor do cinema, Pedro Olivotto, conta que assistiu ao filme pela primeira vez no Festival de Cannes deste ano e resolveu trazê-lo para ser exibido aqui. A produção, que tem como temática a terceira idade, acabou caindo no gosto do grande público. “Realmente, é um fenômeno. Inacreditável. Acho que o segredo é que o filme tem narrativa atraente, ritmo envolvente, é leve e aponta solução muito interessante”, acredita.

Em E se vivêssemos todos juntos?, Annie (Geraldine Chaplin), Jean (Guy Bedos), Claude (Claude Rich), Albert (Pierre Richard) e Jeanne (Jane Fonda) são melhores amigos há mais de quatro décadas. Enquanto os dois primeiros e os dois últimos são casados, o do meio é um tremendo solteirão convicto, que não se cansa de aproveitar a vida. Quando a saúde deles começa a piorar e o asilo se apresenta como solução, surge a ideia de todos morarem juntos. Mas a novidade acaba trazendo a reboque algumas antigas experiências, que trarão consequências para a vida de cada um.

“Quando o filme estreou, boa parte do público era de gente mais velha, mas, com o passar das semanas, o tema acabou atraindo gente de todas as idades. E as sessões estão praticamente lotadas. Para você ter uma noção de como as pessoas gostaram, ele chegou a sair de cartaz durante a Mostra de Cinema Espanhol e Latino-Americano, em novembro, mas, por pressão do público, voltou”, revela Olivotto.

E se vivêssemos todos juntos?, estará em cartaz no Cine Belas Artes, amanhã, às 19h15.

Tulio Santos/EM/D.A Press
Celio Antonio Luiz, de 59 anos, e a filha Janaina Luiz, de 25, foram juntos assistir ao filme (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)


Comprovação
Neste fim de ano, durante sessão de uma quinta-feira à tarde, a sala do Belas estava praticamente tomada por gente que se divertiu, emocionou-se, refletiu e se identificou com o filme do diretor Stéphane Robelin. A professora Emília Caixeta, de 53 anos, saiu com os olhos cheios de lágrimas e destacou o aspecto contemporâneo da produção. “Realmente, fiquei emocionada. É muito sensível e atual. O mundo inteiro passa por isso: os problemas de quando se fica mais velho, o abandono da família, as doenças como o mal de Alzheimer. O filme tem humor sutil e nos obriga a refletir sobre a efemeridade da vida”, diz Emília.

Apesar de muito jovem, o casal de namorados Bianca do Amaral, 20 anos, e Pedro Alcamani, de 17, chegou a imaginar como seria se eles fossem mais idosos. Aprovaram a solução encontrada pelos personagens. “Gostei muito da ideia proposta no filme e a gente fica refletindo. Se fôssemos mais velhos, como seria o impacto, o que fazer no fim da vida? Ao mesmo tempo que o filme leva à reflexão, é um pouco angustiante pensar como será quando isso ocorrer”, afirma Bianca.

O que mais encantou a administradora Anna Gabriela Miranda, de 26, que foi assistir ao filme com a mãe, a professora de idiomas Maria de Fátima Miranda, de 54, foi a maneira como o tema foi tratado. Para Anna, a maioria das produções que abordam esse assunto levam mais para o lado satirizado. “E se vivêssemos todos juntos? é bem realista e mostra as dificuldades que as pessoas enfrentam nessa fase da vida”, opinou. Maria de Fátima também aprovou a maneira como a terceira idade foi mostrada na tela grande e se lembrou de histórias familiares. “Não é novidade ver o tema no cinema, mas o diretor trata com mais naturalidade a questão do envelhecimento. Além do mais, Jane Fonda está muito bem no papel”, analisa.

Viver em comunidade
Foi o boca a boca que levou o taxista Célio Antônio Luiz, de 59 anos, e a filha Janaína Rodrigues, de 25, a assistir ao longa francês. Influenciados pela opinião de outra integrante da família, que havia gostado, os dois não se arrependeram do programa de férias.

“Quando li a sinopse, achei a ideia maravilhosa. Todo mundo vai se identificar e ter afinidade porque, independentemente de idade, todos já passamos ou vamos passar por isso”, ressalta Célio. Janaína revelou que, quando mais adolescente, seu grupo de amigos teve a mesma ideia de viver em comunidade, o que ocorre com Annie, Jean, Claude, Albert e Jeanne. “Chegamos a comentar que quando ficássemos velhos, em vez de morarmos em alguma casa de repouso ou algo do gênero, iríamos viver juntos no mesmo lugar. Seria mais fácil, até porque a gente conhece até os vícios uns dos outros”, explica.

A mesma ideia teve uma velha amiga do casal Maria Nilza e Ildeu Araújo, ambos de 74 anos. Quando viu do que se tratava, Ildeu logo se lembrou da proposta. “Há muitos anos, ela sugeriu que quando ficássemos velhos, viveríamos em comunidade, em um lugar onde teríamos tudo que o que um idoso necessita. Mas essa nossa amiga faleceu nova e o projeto não se concretizou. É realmente muito interessante”, observa Ildeu.

Ranking dos campeões em BH
1 – Filhos do paraíso (Irã, 1998): 52 semanas
2 – Corra, Lola corra (Alemanha, 1998): 32 semanas
3 – Os intocáveis (França, 2012): 13 semanas
4 – A separação (Irã, 2011): 11 semanas

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