Angelina Jolie estreia como diretora e roteirista em filme sobre a guerra da Bósnia

Na terra de amor e ódio tem trama que se desenrola entre 1992 e 1995

por Walter Sebastião 07/12/2012 07:00

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Paris Filmes/Divulgação
(foto: Paris Filmes/Divulgação)
A atriz Angelina Jolie está fazendo sua estreia como diretora e roteirista de um longa de ficção: Na terra de amor e ódio (In the land of blood and honey). Colocou na tela a história de Ajla (Zana Marjanovic) e Danijel (Goran Kostic), uma pintora e um filho de general. Que, depois de se conhecerem numa boate em noite aprazível, veem-se, subitamente, em lados diferentes durante a guerra que opôs sérvios e bósnios (além de croatas) em conflito sangrento, entre 1992 e 1995. Veja mais fotos do filme Confira os horários e salas de exibição em BH Leia mais: Cineasta Mark Tonderai se arrisca sozinho na direção de A última casa da rua Documentário Jorge Mautner - O filho do Holocausto deve chegar aos cinemas em 2013 Diretor Iraniano deixa a imaginação ser o guia em Um alguém apaixonado
Pode-se gostar menos ou mais do filme, mas é preciso reconhecer que Jolie saiu-se muito bem de uma empreitada difícil: apresentar de forma equilibrada tema espinhoso e que comporta muitas visões. Vale lembrar que, na ex-Iugoslávia, em plena Europa, a violência desandou em limpeza étnica e barbárie, deixando o mundo perplexo.
Na terra do amor e do ódio é envolvente, dramaturgicamente bem resolvido, com todos os aspectos técnicos e humanos bem ajustados. Chama atenção como, com habilidade e dignidade, a diretora e roteirista não simplifica questões. E, especialmente, como ela dribla armadilhas no caminho. Praticamente desconstrói, sem retórica, clichê cinematográfico: histórias românticas em cenários de guerra. O filme mostra, com delicadeza, mas de forma até ácida, que amor entre adversários, em contexto que reduz tudo a patamares mínimos de humanidade, não existe. Quando muito é mais uma arma na luta pela sobrevivência física. Com o mesmo tom, evidencia-se o quanto são falsas, frágeis e perigosas as fundamentações étnicas, religiosas, históricas etc. dos confrontos bélicos (eles são sempre mais do que isso).
O filme ataca, de fato, a violência da guerra. E, nesse sentido se trata de obra brutal, incômoda mesmo, mas que – outro mérito – em nenhum momento estetiza a selvageria. Depois, registra de forma contundente como a violência, na guerra, não se restringe a batalhas e soldados. E chega sempre a alvo privilegiado: mulheres (crianças e velhos, todos ocultos sob a polida expressão “população civil”). E o julgamento da guerra da Bósnia deixou como herança o fato de ser a primeira vez em que o estupro (e, para o filme, os homens tratam o assunto com condescendência) foi considerado, por si, crime de guerra. O filme é crítico aos sérvios, mesmo recordando traumas históricos vividos por eles. E registra, de forma irônica, a incapacidade da Europa de resolver o conflito.
O cenário, por excelência, é a guerra da Bósnia, mas a todo momento deixa a sensação de escapulir para contexto mais geral. Faz pensar que, para além de tópico específico, é ficção, até assustadora, sobre algo que está diante dos olhos de todos: o mundo dos conflitos armados contemporâneos (que, com facilidade, chegam ao cotidiano). Todos eles imersos em áreas cinzentas, produtos de interações oportunistas de interesses econômicos, manipulações políticas e pregações intolerantes. Assista ao trailer do filme:


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