Tim Burton estreia primeiro desenho 3D em preto e branco, Frankenweenie

Filme é uma espécie de versão light de Frankenstein

por Walter Sebastião 02/11/2012 07:00

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Estúdios Walt Disney/Divulgação
(foto: Estúdios Walt Disney/Divulgação)
 

Sparky, o cachorrinho de um menino chamado Victor, um belo dia foge de casa, entra na frente de um automóvel e morre atropelado. O garoto, como é de se imaginar, fica inconsolável. Jovem aplicado no estudo de ciências, ele decide reviver o bicho. Até consegue. Mas o ato dele acaba gerando uma série de confusões e abala a vida da pequena cidade onde mora. Veja mais fotos do filme Confira os horários das sessões

 

A trama de Frankenweenie é história esquisita, levemente sinistra, escrita com tintas de humor negro. Marcas do diretor do filme, Tim Burton. É dele, vale lembrar, obra-prima da animação: A noiva cadáver. E também Edward Mãos de Tesoura, dois Batmans, A lenda do cavaleiro sem cabeça, Alice no país das maravilhas.

 

Os filmes de Tim Burton, mesmo quando a qualidade oscila, nunca são impessoais. São fábulas, contos e lendas, que misturam, promiscuamente, temas banais e questões filosóficas, heróis da cultura de massa e mitos, fazendo do cinema acesso a universos fantásticos. Mundos sombrios, iluminados por frágeis e dramáticos raios de luz, porosos a diversos assuntos e olhares. Que deixam sempre a impressão de mostrar mais do que o diretor almeja (luz também revela o oposto da sombra). Recorrente é a dúvida quanto a limites entre vida e morte, ordem e desordem, real e fantasia, beleza e horror etc. Tudo manipulado com perícia, criando visão irônica, mas também afetuosa, mas sempre distanciada do cotidiano.

 

Todos esses aspectos estão em Frankenweenie, o primeiro desenho animado em 3D em preto e branco. Já na cena inicial, há explícita manifestação de simpatia pelas técnicas mais simples, pelo tosco, mas também pelo tempo em que o cinema era “mágica” (e, insinua o diretor, não apenas aplicação de alta tecnologia). Com essa estética, Tim Burton redesenha o mundo e uma longa galeria de tipos (crianças, adultos, bichos e vários monstros). Os bonecos são engraçados, há cenas belíssimas, mas, desafio nunca resolvido pela animação, fica aquém do necessário quando o assunto é drama (no humor eles dão show). Problema este que joga luz sobre outro: o descompasso entre visualidade muito elaborada e pouco desenvolvimento dramatúrgico.

 

Frankenweenie se contenta em ser versão light (se é que essa palavra pode ser aplicada ao sempre dúbio Tim Burton) de Frankenstein. Tão superficial, que a evocação ao “monstro” construído de partes humanas, acaba sendo só mais uma citação ou referência, entre várias exibidas no filme. De Bambi (de Disney) aos Gremlins (de Joe Dante e Spielberg); de Drácula (de Bela Lugosi) ao mito de Persephone, passando por evocação a caçadores de monstros a escritores românticos. É joguinho pop, que, nas mãos do delirante (extravagante, bizarro, pretensioso, barroco, mas sempre fascinante) Tim Burton, torna-se superposição e cruzamento de “escritas”, “intertextos”, de filme envolvente, que provoca. E muito. Assista ao trailer do filme:



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