É um momento especial da história da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Por 35 anos, o maior evento de cinema da cidade - precursor da luta contra a censura e do reconhecimento dos filmes de arte como parcela significativa do mercado - teve um timoneiro, e ele foi Leon Cakoff, que morreu no ano passado. A 35.ª Mostra, por mais que Leon estivesse debilitado - morreu uma semana antes -, foi a última que ele produziu. A 36.ª Mostra que abre nesta quinta, 18, para convidados, tem nova direção. E a curiosidade é justamente saber como Renata Almeida imprimirá sua marca.
Por 21 anos, desde a 13.ª Mostra, ela viveu à sombra de Cakoff. Foi colaboradora, mulher, escudeira - a mãe de seus filhos. Renata inaugura a Mostra de 2012 sob o signo da política, num momento em que ela dá o tom, na cidade e no País, com o debate para o segundo turno da eleição para prefeito e o julgamento do mensalão. No, de Pablo Larraín, com Gael García Bernal, é o candidato do Chile à indicação para uma vaga no Oscar. O filme trata da campanha política que deveria decidir sobre a permanência do general Pinochet no poder. O que parecia decidido - o ditador controlava a mídia e mantinha os demais poderes como fachada - ruiu sob uma campanha bem orquestrada, e que o filme recria.
O mote dessa campanha é a volta da alegria ao Chile - a volta da alegria à Mostra, após o luto do ano passado? O cinéfilo paulistano, e de outras latitudes, mal pode esperar para se lançar na maratona de 350 títulos de 60 países, distribuídos por 28 locais de exibição. Na impossibilidade de ver tudo - nem com o dom da ubiquidade seria possível assistir a quase 30 filmes por dia, durante 14 dias -, o negócio é escolher. Há filmes para todos os gostos e tribos.
A política continuará dando o tom em A Bela Adormecida, de Marco Bellocchio, sobre caso de eutanásia que dividiu a Itália; Depois da Batalha, de Yousry Nasrallah, sobre o movimento popular que levou à queda do regime de Hosni Mubarak; Indignados, de Tony Gatlif, sobre a exclusão social no mundo globalizado; Herança, de Hiam Abbass, que reflete sobre a condição dos palestinos no Oriente Médio; Reality, de Matteo Garrone, que enquadra a Itália pós(?)Silvio Berlusconi num reality show, etc. Os românticos vão encontrar o mais inesperado dos materiais em Liv ? O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho; e Jards, de Eryk Rocha, são alguns dos filmes nacionais que você poderá ver. As melhores retrospectivas contemplam os russos Sergei Loznitsa e Andrei Tarkovski. O segundo fornece o cartaz e a vinheta do evento, por meio de imagens recolhidas da exposição de suas polaroides.
36.ª Mostra de SP vai exibir 350 filmes de 60 países
Títulos serão distribuidos em 28 salas de exibição da capital paulista, em 14 dias de festival
por
Agência Estado
17/10/2012 16:29
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