Moonrise Kingdom leva poesia ao mundo dos pré-adolescentes

por Walter Sebastião 12/10/2012 07:00

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Universal/divulgação
(foto: Universal/divulgação)


Neste feriadão, vai estrear um filme especial: Moonrise Kingdom, dirigido por Wes Anderson. Apesar do nome pouco atraente, de ser ambientado em acampamento e de a propaganda sugerir produção convencional, o longa é ótimo.

 

A história se passa em 1965: dois jovens de 12 anos, Jared Gilmar e Kara Hayward, penam com a implicância dos outros. Decidem fugir por antiga trilha de índios e viram de pernas para o ar a rotina de suas famílias, da ilha onde moram e das autoridades.

 

Envolvente, charmosa e engraçada, a história mostra a força e as fraquezas de todos os envolvidos na situação. Wes Anderson diz que esse conto contemporâneo – com estética idem – mistura temas sérios com faz-de-conta. É um filme sobre aqueles segredos que a gente guarda quando é bem jovem.

 

Moonrise Kingdom começa com minuciosa – e zombeteira – descrição dos ambientes que serão bagunçados ao longo da trama. Com olhar distanciado, a abertura ironiza clichês destinados ao jovem. Aos poucos, a história cômica se torna uma aventura junto à natureza. Mais adiante, vêm a consideração afetuosa sobre amizade, a solidariedade entre colegas e os primeiros amores. Com muita poesia, fala-se de sentimentos complicados que surgem quando um garoto começa a crescer.

 

Ao não criar muralhas entre jovens e adultos, o filme de Wes Anderson – de forma natural e sem chateação moralista – tanto estimula o desejo de amadurecer quanto faz recordar prazerosamente as estripulias da juventude.

 

Impressionam o equilíbrio e a ousadia desse longa. O roteiro desliza suavemente, costurando tudo. Todo o elenco valoriza cada detalhe do que está na tela, com interpretações contidas e enxutas, quase minimalistas, e diálogos sintéticos, claros e sempre incisivos. Tudo encenado frontalmente, somando contação de histórias e linguagem cinematográfica moderna.

 

A direção de arte impecável mescla, em doses exatas, atenção ao real e delírio. A soma de todos esses elementos traz, inevitavelmente, o sonho de outro cinema (e novas estéticas) para produções dedicadas à juventude. Não fosse certa padronização da indústria, que engessa projetos ousados, o longa de Wes Anderson seria candidato fácil à lista dos clássicos para a garotada cinéfila.

 

Em tempo: Moonrise Kingdom (Reino da Lua Nascente) alude à enseada para onde foge a dupla de protagonistas.

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