Polissia revela com crueza a rotina dos integrantes da brigada de proteção a menores de Paris

Filme de Maïwenn Le Besco, aborda ocorrências de pedofilia, abandono e maus tratos

por Carolina Braga 21/09/2012 09:42

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Vinny Filmes/Divulgação
(foto: Vinny Filmes/Divulgação)
 
Da recente safra do cinema francês que chegou ao Brasil, Polissia ocupa posição de contraponto em relação a comédias como Intocáveis, Os infiéis, Românticos anônimos e outros representantes desse gênero, tradicional por lá. Em tom documental, o longa dirigido por Maïwenn Le Besco acompanha a rotina dos integrantes da brigada de proteção a menores em Paris. O trabalho deles não é nada fácil. A cineasta conseguiu imprimir no filme boa parte das tensões e conflitos que marcam o dia a dia do grupo. Veja mais fotos do filme Confira os horários das sessões
O roteiro foi elaborado a partir de casos reais que Maïwenn teve oportunidade de vivenciar durante o período em que acompanhou de perto as atividades da brigada. Não tem nada leve. São ocorrências de pedofilia, abandono, maus tratos, abordadas de maneira crua, por isso mesmo muito real. É que em nenhum momento do filme qualquer abuso é escancarado na tela. Há, sim, sugestões. A narrativa é toda construída em cima dos depoimentos de vítimas e suspeitos. 
Dependendo do que se conta e da forma como se diz, a potência do ocorrido passa a estar na imaginação de quem recebe aquela história. Está aí uma das forças de Polissia. Na medida em que o espectador acompanha a apuração das denúncias que chegam ao departamento, ele se converte em testemunha. De certa forma, é também juiz das situações que lhe são apresentadas. 
Por exemplo, quando uma criança revela à mãe que o amor que recebe do pai é fora dos padrões normais. A que tipo de amor a menina se refere? Haverá ocorrido abuso naquela família? A mãe é conivente? Quais as consequências de um ato desses para a vida de uma criança? Em outro caso, quando uma imigrante entrega aos policiais o único filho, estamos diante de um exemplo de abandono? Ele é legítimo, já que ela afirma não ter condições de criá-lo? Em cada novo episódio, a diretora terceiriza ao espectador o julgamento. 
O que torna a dinâmica de Polissia interessante é que os acontecimentos não estão restritos ao âmbito laboral. Da mesma forma como o filme mostra a realidade da repartição, acompanha como cada um dos policiais lida com os problemas da própria vida. E eles são cotidianos, afinal somos todos humanos. Assim como tem romances que se iniciam, tem casais em processo de separação, quem consegue engravidar e outras que ainda tentam ter o primeiro filho, há casos de bulimia e também de depressão. 
Integrante do elenco, Maïween reuniu à sua volta grupo de intérpretes sintonizados com a proposta do filme, entre eles a co-roteirista Emmanuelle Bercot. Os diálogos são muito rápidos. A câmera na mão contribui para a sensação limiar da ficção e do documentário. Para resumir, Polissia é, no mínimo, surpreendente. Assista ao trailer do filme:


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