O diretor Nelson Pereira dos Santos anunciou que seu próximo projeto é um filme sobre dom Pedro II, que comandou o Brasil por quase meio século. O roteiro vai se basear no livro do historiador mineiro José Murilo de Carvalho, lançado pela Companhia das Letras.
Minas Gerais, aliás, pode fornecer ótimas locações para a cinebiografia de dom Pedro II. Locais visitados por ele ainda estão aí, prontinhos para o esquema luz-câmera-ação. Em março de 1881, por exemplo, o imperador foi à Escola de Minas de Ouro Preto. Chegou a assistir à aula de Claude Henri Gorceix, convidado por ele para criar o centro de pesquisas mineiro. Na antiga capital do estado, o imperador acompanhou a arguição de dois estudantes.
Em abril, o soberano visitou o Colégio do Caraça, em Catas Altas, acompanhado de dona Tereza Cristina. Encantou-se com o santuário em estilo neogótico e fez questão de percorrer as salas para novamente arguir a moçada. Em sessão solene em homenagem ao imperador, houve discursos em nada menos de nove línguas – o poliglota real respondeu a todas. Detalhe: deixou por lá um dinheirinho, com o qual se comprou o vitral central da igreja.
A comitiva imperial passou por Barbacena, Ouro Preto, Cachoeira do Campo, Sabará, Caeté e Catas Altas. Em Santa Luzia, conta-se que o imperador se hospedou no belo Solar da Baronesa e até desenhou um trecho da cidade.
Mas o que promete divertir o público é o relacionamento extraconjugal do soberano com a condessa de Barral. Aliás, fidelidade não era o forte de dom Pedro II (nem dos maridos do século 19). Além disso, tinha a quem puxar: era filho de dom Pedro I, um dos conquistadores mais ativos da política brasileira. Entretanto, se o filme de Nelson seguir a toada do livro de José Murilo de Carvalho, pode-se esperar abordagem elegante e sensível da trajetória do homem que comandou o país por 49 anos, três meses e 22 dias.