Pina Bausch ganha homenagem emocionada de Wim Wenders

Filme inova e emociona no uso de um 3D mais delicado

por Carolina Braga 23/03/2012 07:00
IFC Films/divulgação
(foto: IFC Films/divulgação)
 
Nos créditos iniciais do novo documentário do diretor Wim Wenders, a dedicatória “Para Pina” diz muito sobre o que ocorrerá nos próximos 100 minutos. Quem for ao cinema em busca de um filme tradicional sobre a trajetória da coreógrafa Pina Bausch pode se frustrar. Não há nada disso. A primeira experiência do cineasta alemão em 3D é, simplesmente, uma declaração de amor, que tem conquistado signatários ao redor do mundo. 
Pina começou a ser rodado uma semana depois da morte da coreógrafa, em 30 de junho de 2009. Como o projeto já estava programado, em vez de paralisar tudo, a partida da artista, aos 69 anos, mudou a perspectiva do que seria feito. Wim Wenders não conta histórias. Pina, o filme, transmite emoções, assim como Pina, a mulher, fez em vida. 
Para recriar essa sensação, o diretor usou o que a tecnologia pode oferecer. Guardadas as devidas proporções, assim como Martin Scorcese fez em A invenção de Hugo Cabret (2011), o 3D de Wim Wenders proporciona experiência muito diferente daquela que costumamos encontrar nas fitas de ação hollywoodianas. A começar pela delicadeza.
O documentário se rende à linguagem do movimento de Pina Bausch. As coreografias Café Müller, Le sacre du printemps e Vollmond se sucedem dentro e fora do Teatro Wuppertal, enquanto o espectador se questiona sobre o que vê. Afinal, é cinema? Dança? Teatro? Tudo junto? 
Mesmo evitando descaradamente o formato tradicional, Wim Wenders não deixa de apresentar sua personagem. Mas o faz optando por valorizar mais as ideias, reflexões e provocações de Pina do que propriamente o discurso dela. Inclusive, há pouquíssimas falas no filme.
Em vez de exibir depoimentos formais dos bailarinos, Wenders explora as divagações deles. Essa opção expõe a multiculturalidade da companhia criada por Pina. Escutamos alemão, inglês, francês, castelhano, japonês. O português surge na homenagem prestada pela mineira Regina Advento e na voz de Caetano Veloso, cantando Leãozinho.
Embora recomendado para todos os tipos de espectadores, o documentário certamente fará aqueles que têm relação mais estreita com a dança mergulhar fundo na proposta de Wim Wenders. Não há dúvida: Pina é um filme especial.
 
Divulgação
(foto: Divulgação)
 
Saiba mais 
A revolucionária 
 
Phillippine Bausch, mais conhecida com Pina, é uma das mais importantes coreógrafas do século 20. Ela nasceu em 1940, em Solingen, na Alemanha, e alcançou reputação internacional com seu Tanztheater Wuppertal. A partir de 1978, revolucionou a dança ao explorar emoções humanas básicas – medos, desejos e anseios, por exemplo. Coreografias de Pina criadas em parceria com o elenco se basearam na experiência de vida dos próprios bailarinos. Assista ao trailer de Pina!


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