Com muitas cinzas, I Wanna Love You anima foliões nesta quarta-feira

Criado em 2013, o bloco reúne centenas de pessoas no Bairro Sagrada Família

Pedro Lovisi* 26/02/2020 16:56
Alexandre Guzanshe/EM
Bloco mistura músicas brasileiras e jamaicanas (foto: Alexandre Guzanshe/EM)

Apesar do fim do período oficial de carnaval, muitos foliões se recusaram a ficar em casa na tarde desta quarta-feira, em Belo Horizonte. No Bairro Sagrada Família, Região Leste da capital mineira, o tradicional bloco I Wanna Love You concentrou centenas de pessoas, que se embalaram nas canções de Bob Marley, Gilberto Gil, Cidade Negra e outros cantores do reggae. Por lá, as cinzas da quarta-feira também foram as dos cigarros entre os dedos dos foliões.

“Esse é o melhor bloco de Belo Horizonte”, crava um dos colaboradores da Marcha da Maconha, Alexandre de Castro, de 41 anos. Presença garantida todo ano no bloco, ele se empolga a falar da “vibe” do carnaval de Belo Horizonte. “Eu sei que tem gente que acha que o carnaval tá muito cheio, que não dá pra aproveitar mais, mas eu acho que BH amadureceu. O importante é administrar a festa sem perder essa essência rústica”.

Lotando a praça localizada na esquina das ruas São Luiz e Cabrobró, o I Wanna Love You foi criado no carnaval de 2013, unindo músicas brasileiras e jamaicanas. Desde então, o bloco reúne cerca de 40 músicos que cantam e tocam instrumentos como surdos, alfaias, timbaus, além da famosa guitarra elétrica.  

No hino do bloco, criado pelos músicos Pedro Rios e Rodolfo Oliveira poucas semanas antes do início do carnaval, um narrador-personagem apresenta o grupo: “Ae, pergunto pra você mais que bloco é esse, I wanna love, love, love you all”.

Amigo dos criadores do bloco, Rafael Adriano, de 34 anos, saiu de Lagoa Santa, na manhã desta quarta-feira, só para curtir o evento. Junto com sua esposa, Luciana Durães, 32, e seu filho Raul, de 1 ano e 8 meses, o folião dançava o ritmo da bateria com um sorriso que não saia do rosto. “Eu não vim para Belo Horizonte nenhum dia do carnaval. Só estou vindo hoje mesmo, porque eu adoro esse bloco”, conta.

Pedro Lovisi/EM
Pâmella Ribeiro e Negon Davidson curtem o bloco pelo quarto ano consecutivo (foto: Pedro Lovisi/EM)


Quem também é fã do bloco são os amigos Negon Davidson e Pâmella Ribeiro, que acompanham pelo quarto ano consecutivo a turma do reggae do Sagrada Família. "Apesar de todo o problema com a polícia e os trios, o carnaval foi positivo", comemora Davidson. "Na nossa tribo, foi maravilhoso", acrescenta Pâmella.

Se os foliões comemoram o sucesso do carnaval belo-horizontino, o ambulante Wagner Rodrigues, de 45 anos, decepcionou-se um pouco com as vendas, quando comparadas com a folia do ano passado. “Esse ano, eu fiquei sem carro, aí fiquei mais na Avenida dos Andradas. Até deu pra vender, mas é muito menos, tem muito vendedor nas ruas”, conta.  Este ano, cerca de 15 mil pessoas se cadastraram junto à Prefeitura de Belo Horizonte para trabalhar como vendedores ambulantes. 

*Estagiário sob supervisão

MAIS SOBRE CARNAVAL