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CARNAVAL

Havayanas Usadas enfatiza temáticas nordestinas e questões sociais

Flavia Ratton, dentista, 50 anos - Foto: Edésio Ferreira/ EM/ D.A Press

O desfile do 'Havayanas Usadas', na manhã desta segunda-feira de carnaval, teve o cangaço como tema principal. O bloco desfilou pela quarta vez na Avenida dos Andradas, na altura do Bairro Santa Efigênia, Região Leste de Belo Horizonte.



O 'Havayanas', que estreou levando cerca de 50 mil pessoas às ruas em 2017, trouxe a temática nordestina "Maria Bonita Mandou Te Chamar", assinada por Nathália Vieira e Veronez, com ritmos típicos da região, como o xote, baião e forró.

A proposta do bloco é olhar para a cultura do Nordeste e trazer uma reflexão sobre a forma de consumo atual. Os conceitos de reutilização e ressignificação são os carros chefes nessa temporada. Outras discussões também são abordadas, como a igualdade de direito e ocupação de espaços públicos. No chão, participantes distribuíram adesivos para a campanha "Carnaval sem vidro".

A sustentabilidade ambiental é discutida de diferentes formas, desde o figurino da banda, que traz o reaproveitamento dos figurinos anteriores. Além disso, há a parceria com o Remexe Favelinha, passando pela decoração do trio elétrico e nas conversas com a bateria e público geral.




Já em um dos primeiros discursos, o bloco se solidarizou com outros que sofreram o impasse dos trios elétricos. "A gente luta muito para isso. Estamos inspirados na luta do Nordeste. Quero dedicar esse desfile a todos os blocos de rua, quem teve problemas gerais, o Havayanas está com vocês. Esse carnaval é nosso", afirma Débora Mendes, uma das organizadoras.

A ativista Duda Salabert divulgou vídeo convidando o público para o bloco. Na publicação, ela comenta o impasse entre o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e blocos de carnaval em Belo Horizonte. "Tentaram silenciar o carnaval de BH este ano, mas, com resistência, conseguimos colocar o bloco na rua", destacou Duda.


O auxiliar de cartório Anderson Vaz, de 49 anos, foi com as amigas da academia fantasiados no tema da festa: Lampião e Marias Bonitas. “Queremos curtir, extravasar, ‘liberar geral’, mas com respeito. Gostei do bloco porque é temático. A gente que é tão rico em cultura, precisamos mostrar a resistência do Nordeste”, disse. Segundo as amigas Paula Morais, de 51, Andreia Soldatelli, de 53 e Nilde Almeida, de 49, cada um fez os próprios chapéus com consulta na internet.


 

 
A dentista Flávia Ratton, de 50, foi fantasiada de felina que não desanima com a chuva. “O Havayanas resgata o melhor da Bahia. É um dos blocos mais animados de Belo Horizonte, cidade que tem o melhor carnaval, com sol ou com chuva é o melhor do Brasil”, disse. Ela também elogiou a temática do ano. “O Nordeste é uma área tão sofrida e merece a melhor homenagem”. 
 
Na foto, Claudete Oliveira, 33 anos, enfermeira, Bruno Eduardo Pinto, 40 anos, e Wesley Andrade, 34 anos - Foto: Edésio Ferreira/ EM/ D.A Press
 
A enfermeira Claudete Oliveira, de 33, nasceu perto do nordeste do país, em Pedra Azul. “Sou do Vale Jequitinhonha e quis aproveitar e incorporar a nossa cultura. É importante valorizar a cultura brasileira e de todos os cantos do país”, disse. Ela foi para o bloco com os amigos Bruno Eduardo Pinto, de 40, e Wesley Andrade, de 34. Eles acompanham o bloco há quatro anos. “Somos fãs de carteirinha. Todo ano a gente vem no tema”, conta Claudete.
 
Na foto, Leandro da Costa, 35 anos, professor de sociologia, e sua noiva, Aline de Oliveira, 28 anos, professora de matemática - Foto: Edésio Ferreira/ EM/ D.A Press 
 
Quem acha que carnaval é festa do solteiro está enganado. O casal de professores Aline de Oliveira, de 28, e Leandro da Costa, de 35, não abre mão da curtição no carnaval. “Ano passado a gente veio e ficou perto da ala de dança, que é um espetáculo. Por causa delas e da dança que voltamos, e dessa vez, para celebrar o noivado”, disse a noiva, que já tem data para o casamento: 25 de abril.


 
Na foto, Rocilda Silva, 50 anos (bermuda jeans e bolsa preta), com a família, todos de Fortaleza, fizeram as camisas "tudo ok". - Foto: Edésio Ferreira/ EM/ D.A Press
 
FAMÍLIA OK

Baião, tá ok
Cajuína, tá ok
Panelada, tá ok
O calor, tá ok
Brota em BH pro desespero do GG

A camisa trocadilho da música oficial do carnaval (Tudo Ok) foi fabricada em Fortaleza, de onde saiu a família Silva para celebrar a folia de Belo Horizonte. “Viemos curtir o carnaval de BH que é o melhor do Brasil”, diz Rocilda Silva, de 50 anos. O desespero do “GG”, é uma brincadeira para seu pai, que ficou na cidade natal com receio de Rocilda se engraçar com algum mineiro, ela conta. Segundo a família, o bom período de festa de Fortaleza é o pré-carnaval. “É o segundo ano que a gente vem para o melhor carnaval de rua do país”.

Na foto, Anderson Vaz, 49 anos, auxiliar de cartorio, com amigas Paula Morais, 51 anos, Andreia Soldatelli, 53 anos e Nilde Almeida, 49 - Foto: Edésio Ferreira/ EM/ D.A Press

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Neste carnaval 2020, o Portal UAI e o Estado de Minas terão mais uma vez uma cobertura especial dos blocos de rua em Belo Horizonte

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Texto escrito por Matheus Eduardo, sob supervisão de Fred Teixeira*