Sidney Magal não perde o pique e é o dono da festa nesta terça-feira em BH

Aos 68 anos, cantor anima baile de carnaval, faz cinema e se mantém no posto de latin lover nº 1 do Brasil. Hoje à noite, ele se apresenta na Serraria

por Mariana Peixoto 05/03/2019 08:00
Brunel Galhego/divulgação
O Baile do Magal vai reunir banda e bailarinos hoje na Serraria Souza Pinto e fará um retrospecto dos cinquenta anos de carreira do cantor (foto: Brunel Galhego/divulgação)

Ele atende por dois nomes e sobrenomes. No palco, é o Sidney Magal, verdadeiro carro alegórico com seu 1m93, vozeirão, camisas estampadas e jeito de latin lover. Fora dele é o Sidnei Magalhães, um senhor que se aproxima rapidamente dos 70 anos, tem vida pessoal discreta e está casado há quase 40 com a mesma mulher.

“Quando se é compositor, você pode até se apresentar de cueca. Quando se é um performer, um intérprete, tem que criar algo que chame a atenção. O Magal sempre foi o outro, aquele que criei para subir no palco. Para ele, envelhecer é muito mais difícil do que para o Magalhães”, afirma Magal/Magalhães.

Nesta terça-feira gorda (5), criador e criatura estarão em Belo Horizonte como principal atração do último dia de carnaval na Serraria Souza Pinto. O Baile do Magal vai reunir banda e bailarinos no retrospecto da carreira que já chegou a meio século – Sidnei tem 68 anos.

A base do show é o DVD Bailamos (2018), celebração da efeméride. Estão ali os hits impagáveis Sandra Rosa Madalena, Tenho, Meu sangue ferve por você. O clima carnavalesco será intensificado com canções de Tim Maia, Jorge Ben Jor e Banda Eva, entre outros. “Acho meio estranho assistir a um show do Magal no carnaval”, diz o próprio. Só ele deve achar isso, pois a folia tem feito parte de sua carreira nos últimos anos.

“Em 2017 e 2018, aconteceu uma coisa extraordinária. Conduzi um bloco de carnaval com 200 mil pessoas, em São Paulo. Sentado no hotel, esperando a hora, fiquei pensando se iria aguentar. Três horas e meia cantando... Mas, na hora, você se empolga e faz. Aparece uma energia que você nem acredita ter”, continua ele. Vivendo desde meados dos anos 1980 na Bahia, Magal se considera um folião “não tão vibrante quanto antes, mas ainda dou meus pulinhos.”

Em 50 anos de carreira, a música sempre foi o carro-chefe. O resto – dublagem, atuação no teatro, cinema e TV – é consequência. No cinema, já interpretou outros e a si próprio (como na recente comédia Magal e os Formigas). Volta à cena este mês com a estreia de Chorar de rir, novo longa de Leandro Hassum, em que faz uma participação.

CINEMA No fim deste semestre, devem começar as filmagens de Meu sangue ferve por você. A cinebiografia, que será dirigida por Paulo Machline (diretor de Trinta, sobre o carnavalesco Joãosinho Trinta), vai contar a história de Magal e de sua mulher, Magali. O início do relacionamento deles é coisa de cinema, não dá para negar. Magal iniciava a carreira, tinha 29 anos. Magali, 16.

“Conheci minha mulher num programa de TV, em Salvador. Na mesma hora em que a vi, pedi que se encontrasse comigo depois, porque precisava dizer uma coisa importante para ela. Estava na beira da piscina do hotel e comecei a chorar copiosamente. Disse pra ela que queria que se casasse comigo, que vivesse comigo pelo resto da vida. Chorava muito, pois tinha medo de que ela não acreditasse em mim”, relembra.

Fato é que, a despeito da diferença de idade e do início um tanto intenso, para dizer o mínimo, após três encontros Magal e Magali se casaram. Estão juntos até hoje, com três filhos. “O José Loreto tinha sido escolhido para ser o Sidney Magal. Estamos aguardando essas confusões para ver no que dá”, diz, referindo-se ao imbróglio que envolveu a separação do ator e a atriz Marina Ruy Barbosa.

Vida e carreira de Magal têm lances pra lá de interessantes. Muitos deles estão na biografia Muito mais que um amante latino (2017), de Bruna Ramos da Fonte. Uma das passagens mais curiosas é sobre o parentesco com Vinicius de Moraes (1913-1980) – eram primos de segundo grau. A mãe de Vinicius era irmã da avó de Magal.

“Tivemos uma convivência relativa, pois, por causa do trabalho, ele vivia fora do país (diplomata, Vinicius trabalhou na Europa). Mas houve uma época em que ele morava no mesmo prédio de minhas tias-avós. Uma delas era professora de piano, então eu cruzava com ele quando a visitava”, recorda.

No fim da vida de Vinicius, Magal procurou-o para apresentar a mulher. “Queria discutir com ele sobre o verso ‘amor que seja eterno enquanto dure’”. Vinicius, não custa nada lembrar, casou-se nove vezes. Criado pela mãe, que cantou muito samba-canção e bossa nova, Magal revela que, no passado, chegou a pensar em gravar repertório intimista. “Certa vez, pedi ao Vinicius se ele poderia me dar alguma música, estava começando a carreira. Ele me disse: ‘Se eu tivesse o seu físico, a sua cara, jamais sentaria num banquinho para cantar bossa nova. Quer ganhar dinheiro? Vá ser cantor popular.’”

Não é preciso dizer que o conselho do primo deu certo. Magalhães se tornou Magal e, fora os cabelos, hoje brancos, o porte, o vozeirão e o rebolado continuam os mesmos. “Sempre tive muito controle na minha vida, o que me deu um conforto até agora. Se precisar me aposentar por necessidade, farei. A gente estranha quando tem de dar uma parada”, comenta. Isto é com o Magalhães, que chegará aos 70 em junho de 2020. “Mas o Magal, este não gostaria de morrer nunca”, avisa.

BAILE DO MAGAL
Nesta terça-feira (5), das 17h às 5h, na Serraria Souza Pinto. Avenida Assis Chateaubriand, 809, Centro. Shows de Sidney Magal e dos blocos Beiço do Wando, Us Beethoven e Putz Grilla. Ingressos a partir de R$ 40 (pista, 4º lote) e R$ 160 (pista premium com open bar). Informações e vendas: www.sympla.com.br

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