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Blocos assinam carta contestando ação policial em cortejo no Barreiro

Um dia após o término oficial do carnaval cantado como o maior da capital mineira até hoje, com expectativa inicial, ainda não contabilizada, de 3,6 milhões de foliões, grupos que tocam na folia da cidade assinaram uma denúncia de violência policial e uso de força indevida por parte da corporação em alguns momentos. No documento, publicado pela página Carnaval de rua BH, o grupo publicou a "Carta aberta à Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) contra a repressão ao carnaval de BH". A PMMG informou que não recebeu nenhum documento formal sobre o caso. Por outro lado, constatou a redução de 40% nos crimes na capital e de 30% nos roubos de celulares, o carro-chefe nesse tipo de evento, em relação à folia do ano passado.



Segundo a publicação, duas pessoas teriam sido detidas indevidamente no bloco Filhos de Tcha Tcha, que desfilou pelo Vale das Ocupações do Barreiro – que abrange as ocupações Eliana Silva, Irmã Dorothy, Camilo Torres e Paulo Freire – na noite de segunda-feira e liberadas na madrugada de terça. Segundo a publicação, policiais militares agiram de forma violenta contra os foliões e moradores da região.

De acordo com o Filhos de Tcha Tcha, os policiais militares dispararam tiros de balas de borracha, deram pancadas de cassetetes, soltaram jatos de spray de pimenta e lançaram bombas de efeito moral. "Foi lindo, até a PM massacrar", disse a nota. Em entrevista ao Estado de Minas, o tenente-coronel comandante do 41º Batalhão da Polícia Militar, Sílvio Mendes, o problema com representantes do bloco começou depois de foliões não respeitarem o horário de término do cortejo, previsto para as 20h.

A publicação ainda acusou a PM de prender uma jovem por usar um boné com símbolo da maconha no Centro de BH e de constranger e ameaçar um rapaz por tocar reggae no Bairro Nazaré. Além disso, os blocos ainda denunciam dispersão violenta no Pisa na Fulô, no Carlos Prates, e na Praça da Liberdade durante o carnaval.

De acordo com o major Flávio Santiago, da Polícia Militar, o texto publicado na rede social não chegou formalmente à corporação, e a polícia também é contra a repressão.
"Para a PMMG, toda e qualquer manifestação é importante e a gente reafirma o compromisso de ser cada vez mais próxima da sociedade e com o que é previsto constitucionalmente", disse o major. “As pessoas estão elogiando a atuação da polícia durante a festa na cidade", disse.

Alguns dos blocos que assinaram a carta foram o Então, Brilha! e Alô, Abacaxi. "O Brilha é contra a repressão feita em blocos e festas. Como foi, por exemplo, no Filhos de Tcha Tcha e no Palco Guaicurus, durante um show do artista Marcelo Veronez", disse um dos organizadores do bloco, Jasão. Já o Alô, Abacaxi acrescentou: "Precisamos conversar sobre a repressão policial, o carnaval é uma festa popular e é inadmissível que a alegria seja transformada em medo por culpa da polícia".

*Sob supervisão da subeditora Rachel Botelho.