Acusado de apologia às drogas, Igor Kannário gera polêmica no carnaval de Salvador

Presto por posse de entorpecentes 20 dias antes da festa, cantor teve apresentações canceladas e só subiu ao palco mantido pela prefeitura da capital baiana

por Agência Estado 18/02/2015 18:52
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Autor do hit 'Tudo nosso, nada deles' divide opiniões entre amantes do carnaval baiano (foto: Divulgação)

Uma única apresentação no Circuito Osmar (Campo Grande) do carnaval de Salvador, na tarde de segunda-feira, 16, no comando de um trio independente da prefeitura, foi suficiente para transformar o polêmico cantor Igor Kannário, de 28 anos, na maior novidade desta edição da folia.

Detido por posse de entorpecentes 20 dias antes da folia, o cantor, frequentemente acusado de fazer apologia à violência e às drogas, que já somava mais de uma dezena de "passagens" pela polícia, por diversos delitos, não conseguiu um bloco particular para desfilar este ano, apesar de seu grande apelo popular na Bahia. Foi convidado pela prefeitura dias antes de a festa começar.

O prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto justificou a contratação como sendo uma resposta a "um clamor popular" e disse que era "mais justo dar uma oportunidade do que criminalizar" o cantor, mas fez ressalvas: disse que o trio elétrico pararia se houvesse "qualquer incitação à violência".

 

Conheça 'Tudo nosso, nada deles', sucesso de Igor Kannário:

 

 

Autoproclamado "príncipe do gueto", Kannário fez uma apresentação histórica pelo Circuito Osmar, emplacou um dos hits da folia ('Tudo nosso, nada deles') e recebeu elogios não só do prefeito, mas de outros artistas e de integrantes do governo estadual. "Nunca registramos uma multidão tão grande no Campo Grande quanto na passagem dele", disse Neto. "Ainda assim, ele levou todos aqueles foliões sem que fossem identificados incidentes maiores."

Para o professor, poeta e compositor Jorge Portugal, secretário de Cultura da Bahia desde janeiro, Kannário representa a evolução da música baiana. "Ele faz o que ninguém fez antes, uma nova vertente da música contemporânea baiana, um pagode com rap e pegada rock", diz. "É um produto novo, que já está pronto para ser sucesso no Brasil." Portugal confirmou que deve levar o cantor para a Virada Cultural de São Paulo, prevista para maio.

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