Chuva 'esfria' carnaval em Ouro Preto

Mesmo com a chuva, vários foliões continuaram se divertindo pelas ladeiras da cidade histórica

por Mateus Parreiras 16/02/2015 18:05
Leandro Couri / EM / D.A Press
(foto: Leandro Couri / EM / D.A Press)

A chuva que chegou neste sábado e o sucesso de outros carnavais, como o de Belo Horizonte, afetaram a quantidade de foliões que tradicionalmente acompanham os blocos pelas ladeiras de Ouro Preto, mas não esmoreceram o ânimo dos foliões. "A gente só muda de endereço. Vai para as festas das repúblicas, para as apresentações de shows em palcos e até dança na chuva. Estamos conhecendo a cidade hoje e achamos aqui maravilhoso. Parece que estamos num cenário de teatro", comparou o professor de dança Marco Antônio de Jesus, de 22 anos. Inspirados pelo casario, as torres de igreja que despontam sobre os telhados de barro e o clima de animação, ele e a amiga, a dançarina Laura Vidigal Hungria, de 21, que vieram de Viçosa, na Zona da Mata, deram um show a parte bailando sobre as vias de calçamento de pedras como se estivessem num tablado.


O clima escuro também não impediu que um grupo de cinco amigas atravessassem 2.300 quilômetros de Teresina até Ouro Preto para curtir as apresentações de rock e hip hop na porta das repúblicas de estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto, reduto de paqueras, cerveja desmedida e música. "Aqui é muito diferente. Estamos acostumadas com blocos fechados. Aqui é tudo na rua, se espremendo com alegria, cantando, dançando, brincando e conhecendo essa gente jovem e bonita que vem para cá no carnaval", disse uma delas, a estudante Daphine Guimarães, de 28. Vendedores de capas de chuva faturaram alto. "Vendi mais de 100. Trouxe 300 e acho que não vai sobrar nenhuma", comemorou Adailton Santos, de 20. Folião que se preze não deixa isso atrapalhar e em poucos segundos, ao sentir as primeiras gotas, as fantasias da multidão foram plastificadas pelos agasalhos impermeáveis.

As apresentações de bandas universitárias, com suas composições próprias sobre carnaval, ladeiras e azaração ajudaram a diminuir a concentração de foliões de pontos tradicionais, como a Praça Tiradentes. "Quando alguém encontra uma festa mais animada, liga para o outro e a gente corre para lá. Se do meio da dança a gente escuta um bloco passando, segue junto e vai conhecendo a cidade assim", disse o advogado belo-horizontino Breno Gonçalves, de 29.

A impressão de que cidades de carnavais tradicionais como Ouro Preto tenham perdido foliões para BH e outros destinos também era compartilhada por quem estava na antiga capital mineira. "Quase fui para BH. Muitos colegas de Viçosa se juntaram e foram. Estamos conversando com eles pelos aplicativos de celular e está mesmo impressionante o tanto de gente que saiu nas ruas. Mas, como não conhecia ainda Ouro preto, preferi vir para cá. Estou adorando e digo que voltaria outras vezes", afirma o professor de música Marco Antônio de Jesus.

De acordo com a Polícia Militar o clima está mesmo tranquilo e a corporação prevê um contingente de 60 mil a 70 mil foliões na cidade, praticamente o mesmo que a organização, que trabalhava com 75 mil pessoas. "As atrações este ano estão muito espalhadas e isso pode dar uma impressão de vazio às vezes. mas quando os shows principais e blocos mais tradicionais saem, a multidão se concentra novamente", afirma a coordenadora da PM de plantão ontem, tenente Marta Guido, do 52º Batalhão. Até o momento só foram registrados crimes pequenos, como furtos e roubos de celulares e de carteiras. "As vítimas são na maioria pessoas de fora que por descuido ou consumo de bebida acabam deixando de prestar atenção em seus pertences", afiam a tenente. Por toda cidade os grupos de militares fizeram abordagens em pessoas suspeitas, conferiram documentação e até aplacaram os ânimos de alguns brigões.

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